Por Dalva Teodorescu
Apesar da quase unanimidade da imprensa em compactuar com os golpes baixíssimos da oposição e em promover descaradamente a sua campanha, nessa semana, os artigos de Janio de Freitas e Janine Ribeiro foram exceções que devem ser ressaltadas.
Por duas vezes, o colunista da Folha Janio de Freitas insistiu que os fatos e não fatos sobre o vazamento de dados tanto poderiam proceder de um lado como de outro na disputa pela Presidência.
No domingo, Janio de Freitas chamou atenção para o fato que, assim como os tucanos acusam o PT pelo vazamento, “aliados de Serra poderiam pensar na montagem de um ardil para incriminar a candidatura de Dilma Rousseff”.
Para o colunista o que existe por enquanto “são preferências infiltradas nos noticiários dando o tom” e questiona o TER sobre a filiação de Atella que chama de “uma peça amorfa” e pergunta “como e porque Atella veio a saber da incorreção, afinal?”.
Janio de Freitas do alto de sua independência lembra que “desde 1982, quando o SNI, o candidato Moreira Franco, integrantes do departamento de jornalismo da rede Globo e a empresa de informática Proconsult se uniram para fraudar a eleição no Estado do Rio, as eleições brasileiras são terreno de bandidismo eleitoral, do mais ordinário ao mais grave”.
Na terça feira Janio de Freitas voltou ao tema desta vez para lembrar que Eduardo Jorge Caldas Pereira nunca esteve entre os possíveis candidatos do PSDB e nunca foi ligado a José Serra nem a Aécio Neves. EJ é cria de FHC e em sua fase de popularidade seu nome estaria relacionado á ações e relações que levaram á compram de um apartamento em um dos condomínios mais luxuosos na praia de São Conrado. O colunista sugere que ai tem uma pista para a bisbilhotagem da qual foi vítima EJ.
Os artigos de Janio de Freitas são como um pote d’água no deserto que é o Jornal Folha de São Paulo.
Hoje o que nos fez não perder as esperanças e acreditar na lucidez humana foi o brilhante artigo de Renato Janine Ribeiro, “A exploração política exagerada” publicado no caderno Eleições 2010 da Folha.
O artigo é sóbrio, bem escrito. Nele o autor questiona a seleção que merece crédito praticado pelos jornalistas que creem numa única versão: o episodia visaria prejudicar Serra, quando na verdade prejudica Dilma.
O que preocupa o filósofo Janine Ribeiro é o que preocupa a nos todos:
1 - A imprensa abriu mão de cobrir, a sério, as eleições. A cobertura eleitoral é função dos institutos de pesquisa, dos escândalos e, bem pouco, do trabalho dos repórteres. Para Janine Ribeiro, isso augura mal para o futuro de uma profissão.
2 - Sem provas da ligação do delito com a candidatura da Dilma, o candidato que está atrás nas pesquisas quer anular na justiça os votos dela. Se for uma tentativa de anular 60% dos votos válidos e empossar um presidente votado por 25% dos eleitores, será um golpe fatal para a democracia, afirma Janine.
Segundo o filósofo, melhor seria a oposição e a imprensa que a apoia aceitarem que nas eleições se perde e se ganha, que elas não são uma guerra em que se mata o inimigo, mas uma competição em que o povo escolhe o preferido para cada cargo.
Li e reli em voz alta o artigo para os que estavam próximos escutarem. Escutaram acenando silenciosamente com a cabeça, como quando se houve a fala de um sábio. Um momento raro.
Foi também importante saber que tudo na imprensa não estava perdido enquanto houver espaços para os Janine Ribeiro e os Janio de Freitas.
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