São Paulo, eleições municipais 2012. A bola da vez é a velha
e requentada novela sobre alianças políticas polêmicas. O coro: OH! Lula e
Haddad na foto com Maluf! OH!
Quem mudou? Ninguém. Esse é o problema. São Paulo mudou
muito pouco, politicamente falando, é claro.
O tipo político “rouba, mas faz” que Maluf herdou de Adhemar
de Barros, que herdou de... que herdou... ainda vale muitos votos. É incrível,
mas o Maluf ainda tem muitos eleitores por aqui. O Maluf não mudou.
O Lula, visivelmente, não está nada confortável com a
situação. Ele não mudou só por causa de uma aliança polêmica a mais ou a menos.
Talvez, em São Paulo, tenha desistido, mas não mudado. Diria que se curvou a São
Paulo, que não muda seus votos e, afinal, as alianças servem para angariar
votos. A forma de fazer política também não mudou.
A imprensa não mudou, continua dispersando o foco das
questões que interessam de fato à população.
Erundina não mudou. Manteve a sua integridade e dignidade já
habituais.
Os militantes do PT também não mudaram: insistem em defender
uma estratégia de campanha que é um verdadeiro tiro no pé.
Divulgar Erundina como
vice e Maluf como aliado, na mesma semana, é pôr a perder os votos de ambos.
Claro, os eleitores de Erundina não têm uma boa imagem de Maluf e seus
eleitores; e vice-versa. É uma questão de comunicação com seus públicos-alvos.
Que planejamento de marketing tresloucado é esse? Na semana que ela deveria ser
a estrela do momento vem seu “arquiinimigo” posar de companheiro na foto!
Não
era a hora mesmo de “malufar” a cena. Entendo perfeitamente a rejeição dos
eleitores de Erundina que conhecem a história da cidade e do Brasil. Ela, que
conhece os seus eleitores, sabe que eles iriam apoiar a sua retirada. Vejam
quantos votos o PT vai perder... O problema não foi a aliança, mas o momento e
a circunstância em que ela se deu. O problema foi a estratégia de campanha.
Assim, a campanha do PT em São Paulo também não mudou,
continua fazendo gol contra. Assim como na disputa entre Marta e Kassab quando
deu um tiro no pé que culminou na vitória do adversário ao questionar o seu
estado civil, para citar a mais recente. Marta não teve nada a ver com a
grosseria e pagou o pato por sua propaganda carregar um preconceito que ela
própria não carrega. O poder que os candidatos/líderes dos partidos têm sobre a
sua campanha não é tão decisivo quanto imaginamos.
Qualquer coisa por mais um minuto na televisão,
por uns votos a mais... Que desespero do PT em São Paulo! Isso não podia dar
certo. Tão previsível, não sei como não enxergaram isso. Uma pena, porque a
dobradinha de um ministro da educação com uma ex-prefeita cuja prioridade era
de fato a educação poderia quem sabe fazer São Paulo estudar história e aprender
a votar...