quarta-feira, 25 de maio de 2011

Jornalistas com deficit de letramento

Por Weden
do blog do Nassif


Diz o dito popular que médicos enterram seus erros. E os jornalistas os repercutem.

A falta de atenção e capacidade de compreensão do que diz o livro didático Por uma Vida Melhor, da editora Global, é indicativo de deficit de letramento entre jornalistas. Junte-se a problemas de leitura, interesses mercadológicos, ignorância científica, leviandade intelectual e oportunismo político.

São inúmeros os sintomas do deficit de letramento. Entre eles, dificuldade de relacionar textos (problemas com a intertextualidade), desatenção ao cotexto em que aparecem as sentenças e incapacidade de associar o texto ao contexto de enunciação - para não falar nas posições discursivas, mas isso é outra história.

O problema não é só encontrado no ensino básico. É comum que o deficit de letramento seja detectado também em outros níveis de escolaridade, mesmo entre aqueles que, em suas profissões, fazem largo uso da leitura e da escrita.

Linguistas já chamaram a atenção para o fato de que se estes jornalistas fossem submetidos ao PISA seriam reprovados.

Aqui a lista de jornalistas e intelectuais que precisam aprimorar sua leitura.

No caso deles, talvez não seja difícil.
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Clóvis Rossi (Folha de SP): atribuiu aos autores do livro "crimes linguisticos" e "argumentos delinquenciais". Fundamentou seus ataques a uma pequena passagem do livro. O capítulo não era tão grande para ele se abster da leitura. Uma das marcas do deficit de letramento é a incapacidade de fazer correlações cotextuais. Interpretou "demonstração linguistica" com "pregação linguística", o que não cabe a este ramo do saber.

Flávia Salme (IG): levou a escolas sua leitura equivocada do livro. Induziu alunos a se pronunciarem contra. No seu texto, confunde modalidade e registro com normas.

William Waack (Rede Globo): iniciou o programa Painel, da GloboNews, perguntando se é "certo ensinar errado". Tímido com a explicação de Maria Alice Setubal, professora convidada, pergunta :"Embarcamos numa furada?". Ela responde: "sim". Nem Afonso Romano o apoiou.

Mônica Waldvogel (Globo): a reportagem de abertura do programa Entre Aspas, por meio de um recorte descontextualizado do livro, induz os entrevistados a condenarem a obra, os autores e o MEC. Cala-se diante das intervenções de Cristóvão Tezza e Marcelino Freitas.

Jornalista do jornal O Globo (vários): as reportagens sobre o livro didático foram assinadas por vários jornalistas. Todos insistiram na tese - não confirmada - de que o livro contém "erros grosseiros de português".

Augusto Nunes (Veja): perseguiu a professora Heloísa Ramos, durante dias. A professora é consultora da revista Nova Escola, da própria Abril, a que serve o jornalista.

Reinaldo Azevedo (Veja): a partir de trechos soltos, confundiu demonstração linguistica com pregação política. Partidarizou o que é consenso no campo da linguistica internacional.

Merval Pereira (Globo): fez afirmações fora do escopo da obra: "o Ministério da Educação está estimulando os alunos brasileiros a cultivarem seus erros”. Não há passagem clara neste sentido no livro.

Carlos Alberto Sardenberg (Globo): chegou a afirmar que o livro defende o modo de falar do ex-presidente Lula. Não leu o livro.

A mea-culpa da Folha de São Paulo, no editorial "Os livro", não foi acompanhada do necessário pedido de desculpas aos autores da obra. A seu favor, deve-se frisar que o jornal publicou dois artigos que mostram que nem todos deixaram de se ater à obra para comentá-la. Ressalte-se aqui a honestidade intelectual de Hélio Schwartsman e de Thais Nicoleti de Camargo.

Quem mais criticou sem ler?

Marcos Vilaça (Presidente da Academia Brasileira de Letras). Caso gravíssimo. O presidente da instiuição responsável pela memória das letras no país sequer teve o cuidado de consultar a obra. Acreditou no que foi levado pelos jornalistas. Desacreditou a instituição.

Ruy Castro (Escritor). Ele não leu o livro e se indignou com o que não havia sido escrito na obra. O escritor vive da leitura de livros. Mas ele mesmo não deu o exemplo.

Evanildo Bechara (Gramático). Cometeu o erro mais grave de sua carreira acadêmica. Criticou autores sem ter lido o livro. Um gramático não pode desconhecer a necessidade de ler para emitir juízos.

Edgar Flexa Ribeiro (Educador). Ele também não leu o livro e emitiu opinião a partir de trechos descontextualizados. Envolvido com educação, deu um passo em falso e será cobrado por isso.

Cristóvão Buarque (Senador). Sem ler o livro, diz que a obra pode prejudicar alunos. Este é um caso bastante sintomático. Como sua bandeira é a Educação, poderia ter sido mais cuidadoso ou pelo menos ter lido o capítulo em que aparecem as citações da imprensa. Sem fundamentação na realidade do que estava escrito no livro, declarou: "Existe um risco de se criar duas formas de falar o português" (existem várias formas de falar português, até porque toda língua é constituída por dialetos, como fica claro nas diferenças entre o Português Europeu e o Português Brasileiro); "os estudantes da rede pública, ao adotar erros de concordância verbal como regra, não terão a menor chance de passar em um concurso" (o livro em nenhum momento diz isso); "Tem que se ter em mente uma questão fundamental: sotaque e regionalismos são uma coisa, a língua portuguesa é outra" (esta diferença é absurda do ponto de vista das ciências linguísticas").

Todos os personagens acima devem desculpas à professora Heloísa Ramos e à ONG Ação Educativa. Eles se deixaram levar pela cobertura da imprensa. Pode-se desculpá-los por isso, mas é bom que reflitam.

Considero que estamos diante de um novo caso Escola Base, e todos que não se retratarem terão ajudado a constituir um novo crime de imprensa.

A professora Heloísa Cerri Ramos foi atacada pelos blogs da Veja, que tentaram ridicularizá-la. Já a Ação Educativa, com 15 anos de existência, e inúmeros projetos de pesquisa no campo da educação*, além de ações como pontos de leitura, também foi caluniada sem direito á resposta.

Todos estes jornalistas e intelectuais citados apresentaram problemas graves de letramento. Recomenda-se que repensem o que disseram e tenham a humildade de consultar o capítulo, antes de emitir novas opiniões.

Além disso, um pedido de desculpas não faz mal a ninguém.
A educação brasileira agradece.
______

* A ONG é responsável, junto com o Instituto Paulo Montenegro, pelo Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional, pesquisa de acompanhamento permanente.

Diante dos problemas com os jornalistas, as estatísticas devem ter piorado.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Até a Soninha Cerra ficou indignada!

Por Daniela




Achei o vídeo na Maria Frô, no artigo: "Soninha Francine, este governo é teu, por que a surpresa?!"

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Leituras indispensáveis

Por Daniela

Felizmente o debate que se instaurou sobre o livro "Por uma vida melhor" conseguiu transcender o senso comum e a tendência à estagnação que não raro se verifica em relação a diversos temas que precisariam ser profundamente debatidos em sociedade. Na minha opinião o fato reflete a maturidade dos pesquisadores e professores da área que se posicionaram, dos escritores que se manifestaram, bem como da população que mostrou por meio de seus comentários em inúmeros blogs e sites que entende muito bem todas as entrelinhas dos discursos-armadilhas da grande imprensa.

Indico algumas leituras abaixo que julgo indispensáveis para quem se interessou pelo tema. Após os links, transcrevo, na íntegra, a Nota de Repúdio da Abralin - Associação Brasileira de Linguística - contra a cobertura tendenciosa da imprensa, que encontrei no Nassif, conforme link também abaixo.

Aproveito para agradecer a todas as pessoas de fibra que comentaram, e ajudaram a divulgar, o texto do Mulheres de Fibra. Acredito que a blogosfera deu mais um passo importante em direção à expansão da democracia.

A próxima etapa, como ressaltou a nota da Abralin, seria debater as reais questões que colocam obstáculos ao ensino da língua materna. Segundo a Associação: "entendemos que o ensino de língua materna não tem sido bem sucedido, mas isso não se deve às questões apontadas. Esse é um tópico que demandaria uma outra discussão muito mais profunda, que não cabe aqui.". Talvez esse seja um bom momento para iniciar essa discussão. E então, qual é o tipo de Educação que o Brasil precisa? Quais são mesmo os maiores empecilhos para a melhoria do ensino no País?

Links - leituras indispensáveis:

De Marcos Bagno, "POLÊMICA OU IGNORÂNCIA? DISCUSSÃO SOBRE LIVRO DIDÁTICO SÓ REVELA IGNORÂNCIA DA GRANDE IMPRENSA" http://marcosbagno.com.br/site/?page_id=745

De Lívia Perozim, "FALSA QUESTÃO" http://www.cartacapital.com.br/carta-na-escola/falsa-questao

De José de Souza Martins, "MESTIÇAGENS DA LÍNGUA PORTUGUESA", publicado no Aíás, Estadão (22.05.2011), e você pode ler no http://www.eagora.org.br/arquivo/mesticagens-da-lingua

No Blog do Mello entenda "Por que a Abril está soltando os cachorros em cima do Haddad com o livro 'Por uma vida melhor' " com o artigo de Alceu Nader, "AS EMRESAS NÃO TÊM IDEOLOGIA, TÊM NEGÓCIOS" http://blogdomello.blogspot.com/2011/05/por-que-abril-esta-soltando-os.html



Também com vídeo do programa Entre Aspas da Globo News, um artigo que está no Viomundo http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/livro-didatico-x-lingua-popular-escritores-riem-da-tese-da-velha-midia.html

Outra delícia de vídeo: http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1512976-7823-CONVIDADOS+DEBATEM+SOBRE+AS+POLEMICAS+DA+LINGUA+PORTUGUESA,00.html

Em algum lugar li um texto maravilhoso do Professor Sírio Possenti, mas não consegui localizá-lo novamente, se alguém tiver notícias, por favor me avise.

Agora, a Nota da Abralin, que você também pode ler no Nassif:  http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/abralin-divulga-nota-de-repudio

Língua e ignorância


Nas duas últimas semanas, o Brasil acompanhou uma discussão a respeito do livro didático Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender, distribuída pelo Programa Nacional do Livro Didático do MEC. Diante de posicionamentos virulentos externados na mídia, alguns até histéricos, a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE LINGUÍSTICA - ABRALIN - vê a necessidade de vir a público manifestar-se a respeito, no sentido de endossar o posicionamento dos linguistas, pouco ouvidos até o momento.

Curiosamente é de se estranhar esse procedimento, uma vez que seria de se esperar que estes fossem os primeiros a serem consultados em virtude da sua expertise. Para além disso, ainda, foram muito mal interpretados e mal lidos.

O fato que, inicialmente, chama a atenção foi que os críticos não tiveram sequer o cuidado de analisar o livro em questão mais atentamente. As críticas se pautaram sempre nas cinco ou seis linhas largamente citadas. Vale notar que o livro acata orientações dos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) em relação à concepção de língua/linguagem, orientações que já estão em andamento há mais de uma década. Além disso, não somente este, mas outros livros didáticos englobam a discussão da variação linguística com o intuito de ressaltar o papel e a importância da norma culta no mundo letrado. Portanto, em nenhum momento houve ou há a defesa de que a norma culta não deva ser ensinada. Ao contrário, entende-se que esse é o papel da escola, garantir o domínio da norma culta para o acesso efetivo aos bens culturais, ou seja, garantir o pleno exercício da cidadania. Esta é a única razão que justifica a existência de uma disciplina que ensine língua portuguesa a falantes nativos de português.

A linguística se constituiu como ciência há mais de um século. Como qualquer outra ciência, não trabalha com a dicotomia certo/errado. Independentemente da inegável repercussão política que isso possa ter, esse é o posicionamento científico. Esse trabalho investigativo permitiu aos linguistas elaborar outras constatações que constituem hoje material essencial para a descrição e explicação de qualquer língua humana.

Uma dessas constatações é o fato de que as línguas mudam no tempo, independentemente do nível de letramento de seus falantes, do avanço econômico e tecnológico de seu povo, do poder mais ou menos repressivo das Instituições. As línguas mudam. Isso não significa que ficam melhores ou piores. Elas simplesmente mudam. Formas linguísticas podem perder ou ganhar prestígio, podem desaparecer, novas formas podem ser criadas. Isso sempre foi assim. Podemos ressaltar que muitos dos usos hoje tão cultuados pelos puristas originaram-se do modo de falar de uma forma alegadamente inferior do Latim: exemplificando, as formas "noscum" e "voscum", estigmatizadas por volta do século III, por fazerem parte do chamado "latim vulgar", originaram respectivamente as formas "conosco" e "convosco".

Outra constatação que merece destaque é o fato de que as línguas variam num mesmo tempo, ou seja, qualquer língua (qualquer uma!) apresenta variedades que são deflagradas por fatores já bastante estudados, como as diferenças geográficas, sociais, etárias, dentre muitas outras. Por manter um posicionamento científico, a linguística não faz juízos de valor acerca dessas variedades, simplesmente as descreve. No entanto, os linguistas, pela sua experiência como cidadãos, sabem e divulgam isso amplamente, já desde o final da década de sessenta do século passado, que essas variedades podem ter maior ou menor prestígio. O prestígio das formas linguísticas está sempre relacionado ao prestígio que têm seus falantes nos diferentes estratos sociais. Por esse motivo, sabe-se que o descon hecimento da norma de prestígio, ou norma culta, pode limitar a ascensão social. Essa constatação fundamenta o posicionamento da linguística sobre o ensino da língua materna.

Independentemente da questão didático-pedagógica, a linguística demonstra que não há nenhum caos linguístico (há sempre regras reguladoras desses usos), que nenhuma língua já foi ou pode ser "corrompida" ou "assassinada", que nenhuma língua fica ameaçada quando faz empréstimos, etc. Independentemente da variedade que usa, qualquer falante fala segundo regras gramaticais estritas (a ampliação da noção de gramática também foi uma conquista científica). Os falantes do português brasileiro podem fazer o plural de "o livro" de duas maneiras: uma formal: os livros; outra informal: os livro. Mas certamente nunca se ouviu ninguém dizer "o livros". Assim também, de modo bastante generali zado, não se pronuncia mais o "r" final de verbos no infinitivo, mas não se deixa de pronunciar (não de forma generalizada, pelo menos) o "r" final de substantivos. Qualquer falante, culto ou não, pode dizer (e diz) "vou comprá" para "comprar", mas apenas algumas variedades diriam 'dô' para 'dor'. Estas últimas são estigmatizadas socialmente, porque remetem a falantes de baixa extração social ou de pouca escolaridade. No entanto, a variação da supressão do final do infinitivo é bastante corriqueira e não marcada socialmente. Demonstra-se, assim, que falamos obedecendo a regras. A escola precisa estar atenta a esse fato, porque precisa ensinar que, apesar de falarmos "vou comprá" precisamos escrever "vou comprar". E a linguística ao descrever esses fenômenos ajuda a entender melhor o funcionamento das línguas o que deve repercutir no processo de ensino.

Por outro lado, entendemos que o ensino de língua materna não tem sido bem sucedido, mas isso não se deve às questões apontadas. Esse é um tópico que demandaria uma outra discussão muito mais profunda, que não cabe aqui.

Por fim, é importante esclarecer que o uso de formas linguísticas de menor prestígio não é indício de ignorância ou de qualquer outro atributo que queiramos impingir aos que falam desse ou daquele modo. A ignorância não está ligada às formas de falar ou ao nível de letramento. Aliás, pudemos comprovar isso por meio desse debate que se instaurou em relação ao ensino de língua e à variedade linguística.

Maria José Foltran
Presidente da Abralin/Gestão UFPR 2009-2011

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Réquiem para os caça-Haddad

Por Rildo Ferreira dos Santos


Diálogo 1


Duas amigas* trabalham no Conversa Afiada, um dos mais importantes blogues políticos de conteúdo democrático da blogosfera, ao fim do expediente se preparam para deixar o trabalho:

Zabete - Isa, vamo passar lá no sujinho pra tomar uma gelada?

Isa - Dá não amiga. Tô dura! Durinha da silva.

Zabete - 'Xa comigo. Hoje eu pago a sua.

Isa - Já é!


Diálogo 2

Dois importantes jornalistas** de uma das mais importantes rede de televisão do país estão prestes a deixar o trabalho depois de uma intensa atividade sob um calor de 39ºC. Um editor, outro renomado âncora:

Editor Ali-ba-bá - Nobre colega, o senhor me acompanharia ao sofisticado Le bundô para degustarmos uma gelada cerveja?

Âncora Will Simpson - Lamento meu nobre amigo. Neste momento estou sem recursos. Deixemos para um outro dia.

Editor Ali-ba-bá - Qual nada! Hoje as despesas serão por minha conta. Vamos?

Âncora Will Simpson - Neste caso aceito. Obrigado por me convidar.

Exercícios de interpretação do texto

Questão 1

Releia os diálogos e assinale a resposta coerente com as seguintes situações:

( ) no diálogo 1 os personagens se mostram indiferentes sem nenhuma relação de amizade e, por isso, usam uma linguagem sem respeito aos padrões da norma culta.

( ) no diálogo 2 os personagens são amissíssimos. O uso da norma culta se faz obrigatório neste caso.

( ) no diálogo 1 os personagens usam uma linguagem corriqueira, entre amigos que compartilham angústias, perspectivas, prazer, mas que se entendem perfeitamente.

( ) no diálogo 2 os personagens usam a mesma linguagem, tanto para as questões corriqueiras do dia-a-dia quanto para as questões formais. A relação de amizade entre eles não influencia no modo de falar.

Questão 2

Considerando a norma culta do Português do Brasil assinale a resposta correta.

( ) No diálogo 1 a conversação não é correta porque não respeita a norma culta.

( ) No diálogo 2 a conversação é correta e a escola deveria exigir que as pessoas falassem assim em qualquer situação.

( ) No diálogo 1 a conversação está para os dias atuais e o diálogo 2, embora correto, não é usado nas relações informais.

Questão 3

Assinale a resposta de acordo com a percepção real do cotidiano.

( ) No diálogo 1 os personagens usam uma linguagem informal, corriqueira, sem obediência à norma culta, e perfeitamente APROPRIADA para a ocasião. Já no diálogo 2 os personagens usam uma linguagem formal, arcaíca, obediente à norma culta, mas INAPROPRIADA para a ocasião.

( ) No diálogo 1 os personagens falam ERRADO, sem obediência à norma culta, já no diálogo 2 os personagens falam CORRETAMENTE e em obediência à norma culta. Portanto, a velha mídia tá certa fazer o papel de caça-Haddad e a autora do livro que ensina a falar errado deve ser julgada segundo a santa inquisição.

* Os personagens dessa novela é criação do autor desse texto. Qualquer semelhança com pessoas reais terá sido uma intencional coincidência.

** Os personagens dessa novela é criação do autor desse texto. Qualquer semelhança com pessoas reais terá sido mera coincidência.

Quem tem medo dos erros de português?

Por Daniela

Para quem estiver interessado na polêmica acerca da coleção "Viver, Aprender", recomendo as seguintes leituras:

Nota da Ação Educativa com esclarecimentos sobre a publicação "Por uma vida melhor", com pdf. do capítulo no final.

http://www.acaoeducativa.org.br/downloads/ESCLARECIMENTOS_AE.pdf


Dois artigos precisos de Daniel Dantas, blogueiro de RN, bem mais enxutos que o meu abaixo (hehehe):

Língua e senso comum
http://deolhonodiscurso.wordpress.com/2011/05/17/senso-comum/

Falam do português, mas não sabem ler
http://deolhonodiscurso.wordpress.com/2011/05/17/falam-do-portugues-mas-nao-sabem-ler/

O caso Pallocci

Por Dalva Teodorescu

Segundo o Procurador Geral Roberto Gurgel, por enquanto não há elementos suficientes para abrir investigação contra Palloci, acusado de enriquecimento em 4 anos.

Também tucanos notórios como José Serra e Aécio Neves saíram em defesa do ministro da Casa Civil.

Na verdade as acusações são ventos. Não tem o que investigar. Os rendimentos de Palocci são compatíveis com seus ganhos e foram declarados na receita federal. Está em regra com a lei.

Palocci prestava consultoria através de sua empresa durante mandato de deputado federal. Quando assumiu a Casa Civil a empresa deixou de prestar assessoria e passou a se ocupar unicamente da administração de seus bens imobiliários.

Parte da oposição, os que não têm nada a perder e precisam de holofotes, atacam a moralidade do enriquecimento. Puro cinismo, como afirmou a senadora Marta Suplicy.

Dados levantados pelo chefe da Casa Civil mostram que 273 deputados federais e senadores exercem atividades empresariais de consultorias.

E Palocci fez bem em lembrar nomes de tucanos, ex-ministros e ex-presidentes do Banco Central, que enriqueceram após deixar o cargo.

É louvável que a imprensa se preocupe com o enriquecimento de homens públicos, o que é insuportável é que o faça de maneira seletiva.

Melhor seria denunciar a hipocrisia que reina sobre o assunto no Congresso e cobrar a abertura de um debate sobre a regularização de assessorias e, principalmente, da prática fortíssima do lobby que sem regularização pode facilmente se transformar em tráfico de influência.

Para 57% dos franceses o diretor do FMI foi vítima de complô

Por Dalva Teodorescu

Pesquisa junto á população francesa mostra que 57% dos franceses acreditam na tese do complô contra o presidente do FMI Dominique Strauss Khan.

Essa reação dos franceses se explica porque na França a presunção de inocência é coisa muito séria.

Até esse momento ninguém ouviu a versão de DSK. Nem seus ilustríssimos advogados tiveram acesso às peças de acusação.

Sexta Feira próxima DSK será julgado por um júri popular e será sem dúvida condenado porque em geral esse júri segue o aviso da acusação.

Somente depois disso os advogados de DSK terão acesso às peças de acusação e poderão traçar uma estratégia de defesa.

Diante disso, das imagens espetaculares de DSK, coisa inadmissível na França, e do fato que os EUA não estavam contentes com a gestão de DSK no FMI, por julgarem que ele beneficiava países da Europa, como Portugal e Grécia, na crise financeira, é que os franceses acusam o que consideram uma linchagem midiática dos EUA.

Além disso, todos têm na memória o vestido de Monica Lewinski, guardado preciosamente porque estava manchado de esperma do Bill Clinton e do garoto acusado de ter sido abusado sexualmente por Michael Jackson pedindo desculpas ao cantor por uma armação de sua mãe para ganhar dinheiro.

Junte a isso a política interna da França. Com certeza o socialista seria o próximo presidente da França. Um site próximo do partido de Sarkozy foi o primeiro a noticiar a prisão do chefe do FMI, apenas uma hora após o ocorrido. Depois disso o anúncio da gravidez de Carla Bruni.

São esses dados mais as imagens abusivas de DSK que provocam a reação dos Franceses.

O francês é um povo crítico e bem informado. Ele sabe que DSK tem fama de sedutor, mas exige provas antes de condená-lo.

A mesma pesquisa mostra que 54% dos franceses acreditam que os socialistas ganharão as eleições de 2012.

Nesse momento o que realmente interessa é a verdade dos fatos se DSK é culpado ele deve pagar pelos que fez, mas antes é preciso ouvir sua versão.

terça-feira, 17 de maio de 2011

"Por uma vida melhor": por que abolir os conceitos de “certo” e “errado” ?

Por Daniela Jakubaszko*


A polêmica que se criou em torno do livro Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender, adotado pelo MEC, é inútil e representa um retrocesso para a Educação.

Como lingüista e professora de português defendo ardorosamente a utilização do livro. Vou explicar, mas antes faço alguns esclarecimentos:

1. A escola é o lugar por excelência da norma culta, é lá que devemos aprender a utilizá-la, isso ninguém discute, é fato.

2. O livro NÃO está propondo que o aluno escreva “nós pega” – como estão divulgando por aí - ele está apenas constatando a existência da expressão no registro “popular”. Do ponto de vista cotidiano, a expressão é válida porque dá conta de comunicar o que se propõe. E ela é mais que comum e, sejamos sinceros, é a linguagem que o leitor dessa obra usa e entende. Será que é intenção da escola se comunicar com ele de verdade? Se for, ela tem que usar um livro que consiga fazer isso. Uma gramática cheia de exemplos eruditos e termos que o aluno não consegue nem memorizar, com certeza, não vai conseguir.

3. O que o livro está propondo é trocar as noções de “certo” e “errado” por “adequado” e “inadequado”. E isso é mais que certo. Vou explicar a seguir.

4. A questão é: como ensinar a norma culta num país de tradição oral, e no qual existe um abismo entre a língua oral e a língua escrita? Como fazer isso com jovens adultos – que já apresentam um histórico de “fracasso” em seu processo formal de educação e, muito provavelmente, na aquisição dos termos da gramática e seus significados. Se esse jovem não assimilou até o momento em que procurou o EJA (Educação de Jovens e Adultos) a “concordância de número”, como o professor vai fazê-lo usar a crase? Isso para mencionar apenas um dos tópicos mais fáceis da gramática e que a maioria das pessoas, inclusive as “mais cultas e graduadas”, algumas até mesmo com doutorado, ainda não sabem explicar quando ela é necessária.

Por que abolir os conceitos de “certo” e “errado”?


Vou mencionar apenas 3 razões, para não cansar demais o leitor, mas existem muitas outras, quem se interessar pode perguntar que eu passo a bibliografia.

1. Primeiro, por uma questão de honestidade com o aluno. A língua é viva, assim como a cultura, e não pode ser dirigida, por mais que tentem. Por isso, não existe nem “certo” nem “errado”: as regras são convenções e são alteradas de tempos em tempos por um acordo entre países falantes de uma mesma língua. O que era “errado” há alguns anos, hoje pode ser “certo”. Agora é correto escrever lingüística sem trema - o que discordo - e ideia sem acento. Assim, o que existe é o “adequado à norma culta” e o “inadequado à norma culta”. E essa norma é uma convenção, não uma lei natural e imutável. Além disso, por mais que a escola seja representante da norma culta, isto não significa que ela deva ficar “surda” diante dos demais níveis de fala. A língua portuguesa – ou qualquer língua – não pode ser reduzida à sua variante padrão. Tão pouco as aulas de português devem ficar. Afinal, se numa narrativa aparece um personagem, por exemplo, pescador e analfabeto, como o aluno deverá escrever uma fala (verossímil) para ele? Escrever de forma inverossímil é certo? Aliás, o que seria dos poetas e escritores se não fosse o registro popular da língua? Acho que Guimarães Rosa nem existiria.

Com certeza a crítica ao livro parte de setores conservadores e normativos. Eu, como lingüista e professora, não apoio a retirada dos livros porque não acho justo falar para o aluno que o jeito que ele fala é errado, até porque não é, só não está de acordo com a norma culta, o que é muito diferente. Depois que você explica isso para o aluno é que ele entende o que está fazendo naquela aula. Essa troca faz toda a diferença.

2. Segundo, porque quando você diz para um aluno sucessivas vezes que o que ele fez está “errado” você passa por cima da subjetividade dele e acaba com toda a naturalidade dessa pessoa. Daí, ela não fala “certo” e também não sabe quando fala “errado”. Assim, quando na presença de pessoas que ela julga mais letradas que ela própria, não tenha dúvida, vai ficar muda. A formação da identidade do sujeito passa obrigatoriamente pela aquisição da linguagem, viver apontando os erros é desconsiderar a experiência de vida daquela pessoa, é diminuí-la porque ela não teve estudo. E não se engane: ela pode se tornar até uma profissional mais desejada pelo mercado por usar melhor a norma culta, mas não necessariamente vai se tornar uma pessoa melhor.

3. Em terceiro, porque é urgente trocar o ponto de vista normativo pelo científico. A lingüística reconhece que a língua tem seu curso e muda conforme o uso e a cultura: já foi muito errado falar (e escrever) "você", por exemplo. A lingüística também reconhece que a língua é instrumento de poder, por isso, nada mais importante do que desmistificar a gramática normativa. Isto não significa deixá-la de lado, mas precisamos exercitar uma visão mais crítica. Esse aluno sente na pele a discriminação social devido ao seu nível de fala, nada mais natural que ele rejeite a norma culta e considere pedante a pessoa que fala segundo a norma padrão. É compreensível, ainda, que ele não entenda grande parte do que se diz em sala de aula. O que não é compreensível é o professor, ou melhor, “a Escola”, não entender a razão de isso acontecer.

Em nenhum momento foi dito que a professora e autora do livro em questão não iria corrigir ou ensinar a norma culta aos alunos, só ficou validado o registro oral. Os alunos precisam entrar em contato com o distanciamento científico. E os lingüistas não saem por aí corrigindo ninguém, eles observam, e você, leitor, bem sabe como funciona a ciência - e um aluno de pelo menos 15 anos já precisa começar a ouvir falar do pensamento científico. Além disso, é muito bom que eles percebam se o nível de fala que usam tem prestígio ou não, e o porquê.

Por que ignorar o estudo da língua oral em sala de aula? Eu fazia um trabalho nesse sentido com os meus alunos e só depois de transcrever entrevistas orais eles conseguiam ouvir a si mesmos e tomar consciência de seu registro lingüístico: “nossa como eu falo gíria! Eu nem percebia!”. Aí sim eles entendem que, com o amigo, com os pais, eles podem dizer "os peixe", mas que na prova é preciso escrever "os peixes", no seminário é preciso dizer “os peixes”, mas ele precisa estar à vontade para fazer isso. A realidade em sala de aula é que os alunos não entendem onde estão errando. Quando você explica o conceito de norma culta eles entendem. Cria-se um parâmetro e não uma tábua de salvação inatingível. É aceitando o registro desse interlocutor e apresentando mais uma possibilidade de uso da língua para ele que vai surgir o esforço para aprender. Se você insistir no “certo” e no “errado” ele vai ficar com raiva e rejeitar o novo. Quer apostar?

Ter uma boa comunicação não é sinônimo de usar bem as regras da gramática. Para ensinar os conceitos de "gramática natural" e "gramática normativa" temos de dar esses exemplos. Os conservadores se arrepiam porque eles partem do princípio que você nunca pode escrever ou falar nada errado na frente do aluno. Para mim isso é hipocrisia: o aluno tem direito de saber que o registro que ele usa em casa é diferente daquele que ele usa na rua, no estádio de futebol, na escola, no trabalho, em frente ao juiz. E tem o direito de saber que o “correto” se define por aquele que tem mais prestígio social. Essas são só as primeiras noções de sociolingüística, para quem quiser abrir a cabeça e saber. Ou será que a língua portuguesa se aprende descolada da realidade? É isso que se está tentando mudar. É tão difícil assim perceber isso?

Quando me perguntam qual é a função do professor de português na escola, eu respondo: oferecer ao aluno um grau cada vez mais elevado de consciência lingüística; oferecer instrumentos para que ele possa transitar conscientemente entre os diversos níveis de linguagem. Só depois de realizada essa operação o aluno vai conseguir escrever conforme as regras da norma culta. E falar a norma padrão com naturalidade. Ou, ainda, escolher falar conforme o ambiente em que cresceu e formou a sua subjetividade (Lula que o diga, comunica-se muito bem, sem camuflar as suas origens). É bom ficar claro que a função do professor não se reduz a "corrigir" o aluno. Isso, o google, até o word, pode fazer. Ajudar o aluno a ter consciência de seu nível de fala é outra história...

O problema não é uma pessoa dizer “nós pega”, o problema é ela não entender que esse uso não é adequado em determinados contextos, o problema é não saber dizer “nós pegamos”. Ou sequer compreender porque não pode falar “nós pega”... É, leitor, tem muito aluno que não entende porque precisa aprender uma lista de nomes difíceis que nada significam para ele e que ele não enxerga a relação direta entre uso da norma culta e como esta vai ajudá-lo a melhorar de vida.

Conheço quilos, ou toneladas, de gente formada, pós-graduada, que fala “seje” e não tem consciência de que está falando assim, e ainda critica quem fala “menas”. Ouvir a si mesmo é uma das coisas mais difíceis de fazer. E como ajudar o aluno a fazer isso?

O primeiro passo é, sem dúvida, abolir o “certo” e o “errado”. Enquanto o professor for detentor da caneta vermelha, o aluno vai tremer diante dele e nada do que ele disser vai entrar na cabeça dessa pessoa preocupada em acertar uma coisa que não entende, tem vergonha de dizer que não entende, então não pergunta, faz que entendeu, erra na prova e o resultado é ela se achar cada vez mais burra e desistir de estudar. Ufa... Puxa, ninguém estuda mais psicologia da educação? Isso é básico!

E então, leitor, o que é mais honesto com esse aluno que chega no EJA com a autoestima lá em baixo? Começar falando a língua dele e depois trazê-lo para a norma padrão ou começar de cara a humilhá-lo com uma língua que ele não entende?

É muito sério quando pessoas leigas começam a emitir, levianamente, juízos de valor sobre assuntos que não dominam. Alguns jornalistas, blogueiros e “opineiros” de plantão, por exemplo, sem conhecimento dos conceitos e técnicas de ensino em lingüística, sem a menor noção do que está acontecendo nas salas de aula desse país, começam a querer dizer para os professores o que eles têm de fazer, como eles têm de ensinar! Isto sim, é nivelar por baixo! É detonar, mais ainda, a autoridade do professor, já tão desprezada no país. Ah, e ainda fazem isso sem perceber que freqüentemente cometem erros crassos; eu estou cansada de lê-los em blogs, jornais e revistas, e ouvi-los na televisão. Não que precisem, ou usamos com eles os mesmos critérios que defendem?

E então, qual é mesmo o tipo de educação que o Brasil precisa?


* Daniela Jakubaszko é bacharel em lingüística e português pela FFLCH-USP, mestre e doutora pela ECA-USP. Desistiu de ser professora depois de dar aula por 15 anos e virou redatora porque não agüentava mais ouvir: "você trabalha além de dar aulas?"


** Ah, eu tenho uma dúvida: até quando eu posso usar o trema? Até 2012?

segunda-feira, 16 de maio de 2011

O MEC, os Linguistas e a Língua Portuguesa.

Por Dalva Teodorescu

Causa espanto a informação que o MEC teria adotado, comprado e distribuído, o livro “Uma Vida Melhor” da coleção Aprender da editora Globo.

O livro defende que a língua portuguesa seja falada com graves erros gramaticais, sobretudo de acordos.

Segundo a autora Heloisa Ramos "o importante é chamar a atenção para o fato de que a ideia de correto e incorreto no uso da língua deve ser substituída pela ideia de uso da língua adequado e inadequado, dependendo da situação comunicativa".

Não bastasse o absurdo da proposta, o livro alerta que quem a empregar pode ser vítima de preconceito linguístico.

Sim, fica claro que é uma posição linguística. Difícil é aceitá-la. A Língua é também uma forma de organizar (de classificar) o pensamento. Fundamental para o posicionamento do sujeito no mundo.

Se o livro propõe que é certo falar errado está se lixando para a forma como a pessoa vai escrever ou se vai um dia escrever.

E esta história de norma culta quando se trata de linguagem escrita ou falada parece coisa de anarquismo, num país que precisa drasticamente melhorar a qualidade da formação de seus cidadãos.

É terrível escutar alguém falar "Nois vai". O brasileiro não merece. As crianças brasileiras não merecem. Falar corretamente é se instrumentalizar e se qualificar para enfrentar o mundo.

Tivemos evolução linguística no uso de pronomes, como você. Mas não tenho conhecimento de corruptelas nos acordos que se originam nas declinações do latim.

No momento que se reedita Lima Barreto e Machado de Assis, está na hora do Brasil dispor de normas que restrinja o massacre da língua por personagens de novelas, comentadores de futebol e outras categorias que cometem graves erros de concordância gramatical na televisão e no rádio.

Ao invés disso, o Ministério de Educação e Cultura decide distribuir o livro no Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos a 484.195 alunos de 4.236 escolas.

Do que se ouve, o MEC não vai retirar o polêmico livro. Nesse governo virou moda que a presidenta Dilma tenha que intervir toda vez que surge um escândalo.
Seria bom que o Ministro evitasse mais um escândalo e retirasse o livro de circulação.

Hoje, a partir de 19h, noite de abertura do #RioBlogProg na TVC-Rio

Recebido por email, publicamos, conforme sugestão:


"Olá!

Acompanhem nesta segunda 19h na TVC Rio Canal 6 da NET no Rio de Janeiro ou pelo site http://tvcrio.org.br/.

No programa de hoje, terá as considerações iniciais da Comissão Organizadora e uma parte do debate "Democratizar a comunicação para democratizar o Brasil", realizado na sexta-feira à noite (dia 06/05).

Agradeço quem multiplicar essa mensagem! Avisaremos sempre que tiver novos programas.

Abraços
Sergio Telles"

Alguém tramou o director do FMI? - Mundo - PUBLICO.PT

Por Dalva teodorescu

O link acima traz um artigo do jornal português O Publico retratando as dúvidas de muitos franceses sobre a veracidade das denúncias de agressão sexual cometida por Strauss Khann, diretor do FMI, contra uma camareira num hotal de Nova York.

É preciso esperar a apuração dos fatos, mas quem conhece DSK fica perplexo diante das acusações. Cotado para ser o homem que traria a esquerda de volta ao poder na França, parece difícil acreditar que DSK seria capaz de um ato que acabaria de vez com sua carreira profissional e política.

Sem contar o constrangimento à sua família, principalmnete sua mulher, a seríssima e brilhante jornalista Ana Sincler.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Nem todos os moradores de Higienópolis se sentem representados no abaixo-assinado

Por Dalva Teodorescu
A proposta de um churrasco na frente do Shopping Higienópolis para protestar contra a decisão do governo de não instalar uma estação de metrô, na esquina da Avenida Angélica com a Rua Sergipe, é divertida, mas só terá efeito se for seguida de pressões concretas junto ao governo do estado.


Estudos do governo indicam a necessidade de construir ali uma estação para atender uma transumância diária de 25 mil pessoas. Por outro lado, grande parte de moradores da região apoiam a criação da estação.

Mas a Sociedade Defenda Higienópolis, que não representa a totalidade dos moradores de Higienópolis, com 3500 assinaturas, conseguiu barrar a iniciativa.

O anúncio causou alvoroço na internet, blogs e twiter, entretanto, há algum tempo o grupo vem protestando e se mobilizando contra a instalação.

Antes, movimento de moradores impediu a instalação de uma estação da linha 4 na Vila Sonia e do monotrilho ligando o Jabaquara e o estádio do Morumbi.

Agora é a vez da Avenida Angélica, nem tão “nobre” assim: velhos ônibus que dia e noite poluem a pobre Avenida, transportam as empregadas, jardineiros, escriturários, pedreiros, enfim, os trabalhadores da região e os estudantes.

O mais chocante é o governador acatar a posição de uma minoria atrasada e fora do tempo. Muitos gostam citar países da Europa e os Estados Unidos como referência de conveniência. Mas ninguém imagina um bairro nobre de Paris ou de Nova York sem metrô.

Em uma cidade com o trânsito de São Paulo, a justificativa de que “todos ali possuem carro” denuncia o pouco caso que faz aos apelos ambientalistas e aos trabalhadores que andam quilômetros para chegar ao trabalho, já cansados.

Isso vale para Higienópolis, mas também para bairros nobres dos jardins.

Além da carência de transportes que faz a grande maioria passar mais de 3 horas diárias empilhada nos ônibus para chegar ao trabalho, o que causa revolta, no caso do metrô de Higienópolis, é a forma como a reivindicação da elite é prontamente atendida pelo governo do Estado, enquanto a da massa trabalhadora é relegada.

Está na hora do governo do Estado dar um basta a esse movimento de uma parcela de moradores de bairros ditos nobres, de proibir a instalação de transportes coletivos.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Pedro Tobias a nova face do PSDB

Por Dalva Teodorescu

O PSDB paulista elegeu o deputado Pedro Tobias, da região de Bauru, como novo presidente da executiva de São Paulo.

Desconhecido do grande público da capital, ontem Pedro Tobias foi convidado do jornal da Gazeta para falar da crise no partido Tucano.

De início, o telespectador fica intrigado com o seu leve sotaque “turco”. Sua fala fluente não esconde a briga com os acordos gramaticais do português.

Tão surpreso quanto aqueles desavisados sobre a biografia do deputado tucano, o apresentador do Jornal, Gabriel Cruz, o interrompe e pergunta a seco: “O senhor tem um sotaque, não é brasileiro?

Muito a vontade Pedro Tobias respondeu que nasceu no Líbano e disse ter estudado na França, antes de vir para o Brasil e se tonar o presidente da executiva de SP do “maior partido do Brasil”.

Um leve sotaque nunca impediu um estrangeiro de ser cidadão exímio do país que escolheu para viver, servir e pagar os impostos.

Mas que muda a cara do PSDB paulista isso muda. O jeitão de Pedro Tobias contrasta com a fleuma calculada dos caciques do PSDB paulista.

E francamente o deputado está mais para a Rua José Paulino do que para o bairro de Higienópolis.

Não parou de repetir que não existe crise no PSDB, o que existe é muita gente para poucos cargos, o pessoal briga por cargo. “O que é normal e positivo, mostra que tem muita gente capaz”.

Sobre José Serra vir a disputar o cargo de presidente nacional do Partido? “O Serra tem todo o apoio, o Serra o Geraldo todo mundo está junto”.

“Não tem crise. O problema é cargo, não tem para todo mundo”.

No momento em que o PSDB faz uma propaganda na TV com o slogan: ‘o partido que não briga por cargo, mas por competência’, o deputado aparece como mais verdadeiro no mundo de fantasia e falsa pureza em que se enfiou o PSDB.

Impossível não pensar que o tucanato tinha encontrado o seu Nacib e quem sabe, uma maneira de tingir os simples mortais.

Gabriel Cruz deveria pensar em algo semelhante, durante toda a entrevista guardou o sorriso de surpresa, que não conseguiu disfarçar, assim como todos que assistiam ao Jornal.

Foi um momento hilariante do jornalismo e mais uma dentro do Jornal da Gazeta que apresentou o novo presidente do PSDB paulista, em primeira mão, aos seus telespectadores.