sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Alô Alô, Estadão: manda outro factóide porque esse não colou!

Por Daniela


É realmente incrível como o Estadão fere o leitor achando que nós não temos capacidade para discernir entre ficção e realidade, entre fato e factóide.

Ontem tentei ignorar as “opiniões” de Dora Kramer e Demétrio Magnoli, mas depois de ler, hoje de manhã, o editorial do Estadão não é possível mais ficar sem me manifestar, mesmo sabendo quão kafkiana é a situação e apesar da náusea que sinto ao ler essas linhas realmente mal traçadas. O corpo é mesmo incrível: sem brincadeira, eu tenho vontade de vomitar.

O Editorial de hoje do Estadão intitulado “O Responsável pela Bandidagem” extrapolou todos os limites.


Estadão! Por favor, pare de nos tirar de burros e desinformados, ou de perversos, o que seria pior ainda.

As Mulheres de Fibra repudiam a forma e os termos em que este Jornal e seus colunistas se referem ao nosso presidente, aos ministros do governo Lula e ao PT.

As Mulheres de Fibra repudiam a "versão dos fatos" deste Jornal.

O que vocês chamam de “opinião pública”, a gente chama de “opinião publicada” e entre uma e outra há uma grande diferença. Nós não vamos permitir que falem em nosso nome. Nós GRITAMOS:

CHEGA DE FINGIR QUE O PT, O LULA E SEUS MINISTROS NÃO TÊM LEGITIMIDADA PARA ESTAR NO PODER.


CHEGA DE FALAR COMO SE O JORNAL EXPRESSASSE OS ANSEIOS DA POPULAÇÃO BRASILEIRA.

CHEGA DE ACUSAR SEM PROVAS.

CHEGA DE CONDENAR AS PESSOAS COMO SE FOSSEM JUÍZES SOBERANOS.

CHEGA DE FAZER OPOSIÇÃO DESLEAL.

CHEGA DE FALAR EM APARELHAMENTO DO ESTADO.

CHEGA DE COLAR AS ETIQUETAS NO PT: TERRORISTAS, GUERRILHEIROS, BADERNEIROS, BANDIDAGEM, CORRUPTOS, AUTORITÁRIOS.


Vejam as expressões que o jornal utiliza ao falar do PT:

• “Predadores da intimidade alheia” contam com a “ganância dos servidores”

“os predadores da intimidade alheia contavam com afinidades políticas ou a ganância de servidores da agência da Receita em Mauá, na Grande São Paulo - uma verdadeira casa da mãe joana, com senhas individuais expostas e documentos eletrônicos ao alcance das vistas de qualquer um.”

• “ Turma pesada do PT”: alivia para Aécio,

“Mas o intuito era claramente o mesmo: recolher material que pudesse ser usado contra Serra na sua futura disputa com a escolhida do presidente Lula, Dilma Rousseff. Àquela altura, no último trimestre de 2009, embora o governador paulista ainda se negasse a assumir a pretensão e o mineiro Aécio Neves ainda não tivesse largado mão da esperança de ser ele o candidato, já não havia dúvidas sobre quais seriam os principais contendores da sucessão. E não passa pela cabeça de ninguém que a turma da pesada do PT fosse esperar a formalização das candidaturas para só então juntar papelório que pudesse comprometer o tucano e seus aliados.”

• “Setor de inteligência” petista = “responsáveis pelo trabalho sujo”

"Seria, no mínimo, subestimar a capacidade de iniciativa do "setor de inteligência" petista, como viria a ser conhecido. Principalmente porque os responsáveis pelo trabalho sujo não precisariam gastar tempo e energia para preparar o terreno por excelência de onde escavariam a matéria-prima desejada."

• O que acontece com a receita? “Casa da mãe joana”; “Degenerescência”. A palavra é bonita, Estadão, mas não é por isso que alguém vai nela.

• “Disseram sem enrubescer”, expressão cujo pressuposto significa: deveriam ter vergonha.
"disseram sem enrubescer, o que havia na agência de Mauá era um "balcão de compra e venda de dados sigilosos", movido a "propina"."

• O PT, com seus “intuitos eleitorais torpes” politizou as decisões do Fisco e quebra sigilo com fins eleitorais

“ Por enquanto, pode-se apenas especular sobre os porquês das diferenças de estratagema. Mas o intuito era claramente o mesmo: recolher material que pudesse ser usado contra Serra na sua futura disputa com a escolhida do presidente Lula, Dilma Rousseff.”

“O campo da Receita Federal começou a ser aplainado para servir aos interesses do partido quando, em 31 de julho de 2008, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, demitiu o então secretário do órgão, Jorge Rachid, há 5 anos e meio no cargo. Desde então, a isenção e o profissionalismo deram lugar ao aparelhamento e à politização das decisões do Fisco. É o que atesta o escândalo das quebras de sigilo para fins eleitorais.”

“Eis, em suma, o que o governo Lula e a cultura petista fizeram do Fisco: uma repartição em que o livre tráfico de informações presumivelmente seguras sobre os contribuintes brasileiros se entrelaça com o uso da máquina, literalmente, para intuitos eleitorais torpes. [quer de qualquer jeito fazer colar a versão de que foi mesmo o PT que violou o sigilo de Verônica com “intuitos leitorais torpes”, já deu a notícia como se fosse verdade comprovada] O crime comum e o crime político se complementam. [Os Juízes do Estadão Condenam] Agora, destampada a devassa nas declarações de Verônica Serra, vem o presidente Lula falar em "bandidagem". Se quiser saber quem é o responsável último por essa degenerescência, basta se olhar no espelho. [Os Juízes do Estadão Condenam].

Com breve contra-argumentação os “argumentos” do jornal vão por água abaixo:

1. Não se sabe quem foi, não adianta culpar o Lula;

2. Se não se sabe quem foi, um órgão de comunicação não pode dizer que está com a verdade;

3. Se o Estado estivesse assim tão aparelhado como o Estadão gosta de afirmar, não seria necessária toda uma ginástica com procurações falsas e rastros mil de operações ilegais. De duas uma: ou o Estado estaria “aparelhado” e a serviço do partido e bastaria uma ligação para obter a informação desejada, já que o Jornal defende que há “livre tráfico de informações presumivelmente seguras”, ou o Estado não está tão aparelhado assim. E aí Estadão, qual das duas?

4. Não faz sentido dizer que o PT tem “intuitos eleitorais torpes”. Violar o sigilo de Verônica estando bem a frente nas pesquisas não seria muito inteligente.

Há mais argumentos, mas acreditamos que estes sejam suficientes para mostrar que o discurso autoritário, como a gente chama ao fazer análise de discurso, é, na verdade, do Estadão e não do PT.

Inclusive, se o PT fosse autoritário, como dizem, já teria adquirido o direito do terceiro mandato, e faria isso com amplo apoio popular. Mas não é esse o projeto que o PT , o Lula e a Dilma têm para o Brasil. O projeto do PT é muito maior do que picuinhas eleitoreiras.

É, na verdade, quem não sabe discernir ficção de realidade é o próprio jornal que de tanto repetir uma historinha de carochinha acabou acreditando na própria fantasia. Espelho, espelho meu, que país tem uma midia tão retrógrada quanto o meu?

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