Por Dalva Teodorescu
Hoje quando li o editoria do Jornal O Estado de São Paulo, tornando público seu apoio ao candidato José Serra, senti grande alívio e nítida sensação de que o mundo acordara mais civilizado.
O Jornal não fugiu à sua responsabilidade, como afirma o editorial. Respondeu ao presidente Lula, que em suas críticas à imprensa, conclamou os donos de jornais a posicionar seu apoio ao candidato de sua preferência.
Foi um ato de grandeza do jornal, não há como negar. Ao responder com justeza ao apelo do presidente, demonstrou maturidade jornalística.
Deveria ter feito esse anúncio no início da campanha eleitoral, como fez a revista CartaCapital, quando manifestou apoio a Candidata Dilma Rousseff.
Mesmo assim foi um passo importante. É difícil não ligar esse avanço na postura do jornal aos recentes embates entre o presidente da República, setores da sociedade civil e setores da mídia tradicional.
Desde ontem (sábado) o editorial do Estadão procurou ajustar os exageros da última semana, deixando claro que “a imprensa brasileira é hoje tão livre como era no primeiro dia de Lula presidente. Quando não é, como no caso da censura prévia imposta a este jornal o problema se origina no judiciário”.
O Jornal afirma também estar “de pleno acordo”, em relação à fala do presidente, ser uma "necessidade da nação brasileira discutir o estabelecimento de um novo marco regulatório do setor de telecomunicações". “Não é de hoje que o Estado critica a concentração da propriedade privada na mídia e as facilidades para que um punhado de grupos econômicos controle, numa mesma praça, emissoras e publicações”, disse o editorial.
Depois de discorrer sobre os riscos de um congresso controlado por petistas viessem a aprovar uma lei como a que aplica hoje Cristina Kirchner, na Argentina (lei que justamente limita a concentração da propriedade privada na mídia), o editoria afirma ser alentador “ as declarações de Dilma em defesa da liberdade de imprensa” quando repete que “o único controle social da mídia que aprova é o controle remoto da televisão”.
Com esses dois editoriais o Estadão procurou sair do limbo panfletário em que entrou, na semana passada, a chamada imprensa tradicional.
Nada contra ler um jornal de direita, cada um defende suas posições é essa a máxima da democracia, mas que este deixe bem claro “tomar partido na disputa eleitoral”, como fez o Estado, e não distorça ou omita fatos que possam favorecer a candidatura adversária.
As justificativas dadas pelo jornal para sua tomada de partido em relação ao candidato José Serra, em nome de valores, é também de natureza ideológica, como se sabe. E o jornal tem o direto de manifestá-la.
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