Por Dalva Teodorescu
Intelectuais, com apoio de alguns artistas e juristas, organizaram um “Manifesto em Defesa da Democracia”, cujo lançamento se daria hoje em ato público no na Faculdade de Direito do Largo São Francisco.
A iniciativa foi uma resposta ao ato público previsto para amanhã no Sindicato dos Jornalistas e organizado pelo Centro de Mídia Alternativa Barão de Itararé.
Nada contra a realização de um ato público em defesa da democracia. A pluralidade de atos, cada um defendendo seu ponto de vista, mostra que a Democracia está funcionando a todo vapor no país.
O que incomoda é o fato dos organizadores insistirem que a Democracia e a liberdade de imprensa estão ameaçadas.
Chama atenção que o ato tenha sido organizado por intelectuais da Velha USP, de cuja costela nasceu o PSDB.
Vale a pena aqui divulgar os nomes dos assinantes do Manifesto.
O jurista Hélio Bicudo. O ex-presidente do STF Carlos Velloso, o embaixador Celso Lafer, o poeta Ferreira Gullar, D. Paulo Evaristo Arns, os atores Rosamaria Murtinho, Mauro Mendonça e Carlos Verezza, os Historiadores Boris Fausto e Marco Antonio Villa e os cientistas políticos Leôncio Martins Rodrigues, José Arthur Gianotti, José Alvaros Moisés, e Lourdes Sola.
Dessa turma tenho imenso respeito por D. Paulo Evaristo Arms e Boris Fausto. D. Paulo apoiou seu sobrinho Senador Flavio Armas quando este deixou o PT, em 2009, por não concordar com o apoio do presidente ao Senador Sarney.
Boris Fausto, como a maioria dos Uspianos de sua geração, é um crítico do PT e do Lula, mas jamais tece críticas virulentas, como seus colegas, e seus textos são bem fundamentados.
Já Arthur Gianotti, Leôncio Martins Rodrigues e companhia são realmente representantes de uma velha geração, hoje aposentada. Já quando éramos estudantes os achávamos velhos e chatíssimos, com seus estudos sobre a opressão do operariado.
Começaram a perder seu objeto de estudo, os operários oprimidos, com a fundação do PT. O objeto lhes escapou de vez com a chegada de um operário na presidência da República.
Isso foi para eles insuportável. Conceitos, digressões sobre a tomada de poder pelo operariado, tudo por água a baixo.
Para conter a amargura e o despeito, passaram a escrever coisas horríveis contra o operário que um dia apoiaram.
Um dia, num jantar, alguém perguntou notícias de Leôncio Martins Rodrigues a seu irmão. Este com naturalidade respondeu: “Ele escreve falando mal do Lula no Jornal”. Tinha virado a ocupação principal do cientista aposentado.
Já Marco Antonio Villa, considero-o um perigo para a formação dos futuros historiadores do Brasil.
Villa escreveu que o período de chumbo, vivido e sentido na pele por minha geração, não foi uma verdadeira ditadura se comparada com outros países da América Latina.
Recentemente, escreveu ainda que Lula e o ditador Garrastazu Médici se equivaliam. O homem é historiador da Universidade de São Carlos. Pelo que parece seus colegas não estão preocupados com a reputação do departamento de história da Universidade, porque não o refutam.
O ato público em defesa da democracia foi uma iniciativa de uma geração que se considerava a elite das elites, mas que agora, como a sua criatura o PSDB está agonizando.
Chama a atenção o pouco de intelectuais e artistas renomados que assinaram o manifesto. Ferreira Gullar e Rosamaria Murtinho são figurinhas carimbadas. Vale, mas vale menos.
Talvez a maior parte de intelectuais e artistas não assinaram o manifesto porque não acreditam que a Democracia brasileira esteja, de fato, ameaçada.
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