quinta-feira, 20 de maio de 2010

O acordo não cumprido

O acordo não cumprido

Dalva Teodorescu

Todo mundo, ou quase todo mundo, acreditava que o Irã não ia cumprir o acordo sobre seu programa nuclear assinado com mediação do Brasil e Turquia. Ninguém pensou um minuto que seriam as chamadas potências nucleares e membros permanentes do conselho da ONU, mais a Alemanha, que não iriam respeitar o acordo. Pior, as potências nem mesmo se interessaram em ler o acordo. Apressaram-se em dizer que ele não valia porque não seria respeitado.
A Secretaria de Estado dos Estados Unidos Hillary Clinton virou a mesa e convocou de urgência uma reunião dos membros permanentes da ONU. Segundo correspondente de Paris da Band News, Mme Clinton teria argumentado que a diplomacia americana estava ameaçada com a iniciativa dos emergentes Brasil e Turquia. Teria dito ainda que se os cinco membros permanentes da ONU não reagissem rápido, os emergentes iriam criar um grupo paralelo ao conselho de Segurança. Foi esse argumento que teria levado a China a apoiar as sanções contra o Irã depois de ter dito que apoiaria o acordo.

Dialogo de surdo 1: As potencias nucleares têm suas bombas nucleares e outros pequenos países também têm, alguns poucos confiáveis como o Paquistão. Israel também tem a bomba, mas é confiável aos olhos dos USA.

Dialogo de surdo 2: As chamadas potências não enxergam no movimento dos emergentes uma nova configuração global da distribuição de força e influência entre os países. Na verdade elas não querem saber da nova ordem mundial. Muito menos de alterar o Conselho Permanente da ONU.

A verdade é que o governo Obama ficou numa saia justa. O acordo não é diferente daquele apresentado pelo presidente americano ao Irã há poucos meses atrás. O público interno nos USA esta cobrando uma posição do governo americano para não deixar o Brasil tomar posições na frente dos USA na questão nuclear do Irã.
A imprensa internacional, mesmo aquela mais conservadora que critica a forma como o Brasil participou do acordo, a exemplo do Wall Estreet Journal, reconhecem que o presidente brasileiro foi mais eficiente que Obama nessa questão.
Por outro lado, o lobby de grupos petroleiros com interesses em ter controle hegemônico na região do golfo pérsico, próximo dos republicanos, mais o lobby de grupos pró Israel exercem forte pressão para as sanções contra o Irã.

Analistas brasileiros reconhecem os ganhos do presidente Lula e do Brasil nessa questão. Embora parte da imprensa e dos ex-embaixadores em seus comentários tentam diminuir, ver mesmo ridicularizar, os esforços do presidente Lula. O presidente é um homem de coragem e de ação. Do fato insubordinado aos caprichos e interesses dos grandes. E isso que a Mme Clinton e seus aliados não suportam. Entendem que história da Bíblia onde Davi enfrenta Golias. Imagine se a moda pega no âmbito da diplomacia internacional.

Os cinco membros permanentes do conselho de segurança da ONU aprovaram uma nova resolução com sanções ao Irã. Mas o jogo não esta ganho. A resolução será julgada em junho. Mas encontra obstáculos na ONU, afirma hoje o Estadão. Ainda não é certo que os EUA e seus aliados conseguirão o número suficiente de votos na ONU para aprovação das sanções. Outra novidade: A presidência do Conselho de Segurança da ONU passou agora para o Líbano que não tem interesses em criar confusão com o Irã.
Nesse imbróglio não tem como negar que Brasil e o presidente Lula saíram fortalecidos.

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