quinta-feira, 27 de maio de 2010

A blogosfera contra Noblat

Por Daniela

Nosso seguidor e colaborador Richard, cujo post de ontem neste blog tocava no assunto da mais nova polêmica instaurada na blogosfera: Ricardo Noblat, um comentarista político que se afirma neutro, provocou a Justiça a agir para cassar a candidatura de Dilma. Os inernautas do Conversa Afiada, do Paulo Henrique Amorim, reagiram agressivamente ao fato. Noblat não quer admitir que tenha se manifestado em favor de um candidato em detrimento do outro.
Segundo Brizola Neto, Noblat "terminou o post com uma informação sua e uma conclamação ao golpe."
(ver: http://www.tijolaco.com/?p=15601).
O debate pegou fogo e o comentarista polítco anda agora em diversos blogs comentando os posts que falam sobre ele. Ótimo sinal de que ele se importa com a própria reputação profissional.
Vamos ver se ele assume um partido, posição que seria mais honesta, ou se volta atrás e procura um pouco mais de isenção, se isso for possível.
Vamos reproduzir aqui o debate entre Noblat e Richard e, depois, o debate entre Brizola Neto e Noblat.

1. O post "Brasil, o país da oposição medíocre" de Richard Jakubaszko, em seu blog:
http://richardjakubaszko.blogspot.com/2010/05/brasil-o-pais-da-oposicao-mediocre.html

Recebeu o seguinte comentário de Noblat:

Noblat disse:
"Eleição não se ganha apenas no voto. Você pode roubar votos e ganhar uma eleição. Ela não será legítima. Você pode desrespeitar a lei, extrair vantagens disso e ganhar. A eleição não será legítima.A legitimidade dela decorre do respeito à lei. Foi a Justiça quem multou Lula quatro vezes por fazer propaganda antecipada da candidatura de Dilma. Ela, e somente ela numa democracia, pode declarar legítima ou não a eleição de quem quer que seja. Recentemente, a Justiça cassou o mandato de 3 governadores - Maranhão, Tocantins e Paraíba. Fora os cassados e seus partidários do peito, não vi ninguém dizer que a Justiça havia aplicado um golpe. Quase sempre a Justiça é vítima de golpes. E também de sua própria lerdeza, miopia e comprometimento. Não interpretem o que digo como uma defesa da cassação da candidatura de Dilma como estão fazendo por aí blogueiros de aluguel, pessoas oportunistas ou equivocadas. Porque não é. Tenho horror a cassações. Porque é o voto popular que vai para o lixo quando isso acontece. Mas da mesma forma tenho horror à ilegalidade. No passado, senti seus efeitos na pele. E não gostei."

Richard respondeu:

"lamento discordar, eleição se ganha no voto, sim. Não valeria se fossem votos roubados, lembra do Proconsult?.

Já as multas são hipócritas, fruto de uma legislação mais hipócrita ainda, porque "politicamente correta", e vc sabe disso melhor do que ninguém.
O que me irritou mais em seu post foi o seu "incentivo" e a leviandade de chamar a justiça de covarde, por não ter coragem de punir, ou por não julgar, ou por não tomar atitudes. Se tivesse horror, como vc diz, a cassações, não deveria proceder dessa forma publicamente, haja vista sua notoriedade. Abusou do poder, meu caro, até porque as "infrações" às leis têm sido feitas pelos dois lados. Mas vc "acusa" apenas um dos candidatos.
Lamento ainda informar que é notória a sua parcialidade em questões políticas, mas teima em se proclamar como neutro."

Noblat e o Tijolaço:

Vamos ver o texto de Brizola Neto sobre o post de Noblat:
(ver: http://www.tijolaco.com/?p=15601).


"As vivandeiras dos tribunais

Falei há pouco do perigo que representa a entrevista à Folha de S. Paulo da vice-procuradora geral da República no sentido de ameaçar o jogo eleitoral legítimo e de açular o espírito golpista presente em determinados setores da sociedade brasileira, e que sempre se manifesta quando enxerga oportunidades de virar o jogo a seu favor.


Pois bastou a entrevista ser publicada para que as vivandeiras do tribunal, aquelas que antes estimulavam a ação dos quartéis e hoje procuram incitar as Cortes, se alvoroçassem. Alertado por uma comentarista do Tijolaco.com, fui ao blog do Noblat, que reproduziu parte da entrevista e terminou o post com uma informação sua e uma conclamação ao golpe.

A informação do jornalista de O Globo é de que para dois ministros do TSE ouvidos por seu blog “há abusos suficientes para ameaçar o registro da candidatura de Dilma”. O mais espantoso, porém, é a frase seguinte com uma constatação ofensiva ao tribunal, que claramente incita uma atitude golpista. “Mas falta ao tribunal coragem para tomar qualquer medida mais drástica a esse respeito.”

Hoje, o presidente do PSDB, disse que a eleição será “uma batalha campal”. Ontem, o presidente de honra do DEM, Jorge Bornhausen, disse que será “uma luta sangrenta”.

Não, não, senhores, será uma eleição, pacífica e democrática, onde o que mais importa é saber a vontade do povo brasileiro.

Manifestações desta natureza, servindo-se de declarações “espontâneas” de ministros do TSE, entrevistas imprudentes e a permanente judicialização da campanha por parte da oposição alimentam teorias conspiratórias de um golpe em curso nos moldes de Honduras. Uma manifestação clara da mais alta corte eleitoral tranquilizaria a nação e nos devolveria a impressão. que o processo eleitoral segue sem sobressaltos e que o resultado das urnas será respeitado em nome da maturidade da democracia brasileira.
Inflelizmente, só há silêncio diante da insolência."


Hoje, Brizola Neto fez um post específico para a resposta de Noblat, que foi a mesma em Richard, só com um parágrafo a mais, sobre Brizola, como segue:

http://www.tijolaco.com/?p=15982

"Noblat e o Tijolaço

Por Brizola Neto

Destaco, por ser uma pessoa notória, o comentário que este blog recebeu do jornalista Ricardo Noblat. Foi reproduzido no corpo do post “As vivandeiras dos tribunais”, onde registrei sua opinião – expressa, porque veio com a observação “comentário meu” no seu concorridíssimo blog. Ele se dirige a mim de forma correta e respeitosa, e sabe que terá de mim o mesmo tratamento, espero.


Reproduzo sua opinião, que é essencialmente o conteúdo de um post que faz, sem mencionar meu nome.

Caro deputado Brizola Neto: Eleição não se ganha apenas no voto. Você pode roubar votos e ganhar uma eleição. Ela não será legítima. Você pode desrespeitar a lei, extrair vantagens disso e ganhar. A eleição não será legítima. A legitimidade dela decorre do respeito à lei. Foi a Justiça quem multou Lula quatro vezes por fazer propaganda antecipada da candidatura de Dilma. Ela, e somente ela, pode declarar legítima ou não a eleição de quem quer que seja. A Justiça cassou o mandato de 3 governadores – Maranhão, Tocantins e Paraíba. Fora os cassados e seus partidários do peito, não vi ninguém dizer que a Justiça aplicou um golpe. Geralmente a Justiça é vítima de golpes. E também de sua própria lerdeza e miopia. Não interprete tudo isso que digo como uma defesa da cassação da candidatura de Dilma. Porque não é. Tenho horror a cassações. Como tenho horror à ilegalidade. Por último: conheci muito seu avô. Ele chegou a me sondar para ser deputado federal pelo PDT do Rio quando fui demitido do Jornal do Brasil menos de uma semana depois da eleição do presidente Collor. Nem por isso deixei de criticá-lo quando defendeu a prorrogação do mandato do último general-presidente da ditadura. E quando tentou salvar Collor do merecido impeachment. Desejo-lhe sucesso como deputado. Se tiver herdado metade da coragem do seu avô, o senhor poderá ir longe.”

Com o respeito que merecem os anos de experiência política que Noblat tem a mais que eu, ouso discordar de algumas coisas que afirma.

Eleição se ganha, sim, no voto, e apenas no voto.

“Você pode roubar votos e ganhar uma eleição. Ela não será legítima. Você pode desrespeitar a lei, extrair vantagens disso e ganhar. A eleição não será legítima. A legitimidade dela decorre do respeito à lei”

Quem rouba votos ou extrai vantagens eleitorais do desrespeito à lei não ganha, frauda. Se meu avô não tivesse desmontado a fraude da Proconsult o que haveria não seria uma vitória, mas uma fraude.

Foi a Justiça quem multou Lula quatro vezes por fazer propaganda antecipada da candidatura de Dilma. Ela, e somente ela, pode declarar legítima ou não a eleição de quem quer que seja."

As decisões judiciais devem ser respeitadas, mas nem por isso são incriticáveis. Muito menos quando assumem uma invasão judicial no campo da política. É minha opinião pessoal, e a de muitos brasileiros, que o presidente Lula manifestar sua preferência por Dilma, sem pedir votos, faz parte da legitimidade democrática. É uma manifestação pessoal que, a meu ver, ele não apenas pode como deve fazer, para que os brasileiros se esclareçam. Isso é totalmente diferente de valer-se do cargo para fazer campanha pedindo votos ou empregando nisso recursos públicos.

A menção ao seu blog se deveu à observação que nele fez, frisando que era sua opinião pessoal, que faltava “ao tribunal coragem para tomar medidas mais drásticas” contra a candidatura Dilma. Noblat é um profissional traquejado o suficiente para saber que isso é sua avaliação, subjetiva, e que dizer que o Tribunal não tem coragem de tomar uma medida mais drástica é uma expressão muito forte, quase que uma cobrança por uma decisão, coisa que eu mesmo jamais usei para com o Poder Judiciário, no meu legítimo exercício de criticar decisões ali tomadas.

O jornalista Ricardo Noblat, que é, sem dúvida , um dos grandes formadores de opinião deste país, está convidado por mim a fazer o mesmo tipo de julgamento, dada sua imparcialidade, sobre o uso indevido do tempo do Dem para veicular discursos de Serra e a mesma intenção, anunciada hoje nos jornais, de fazer o mesmo com o tempo do PTB, segundo Roberto Jefferson. Os elementos – o vídeo, a transcrição e o texto expresso da lei 9096 estão todos aqui à disposição.

Com o horror à ilegalidade que diz – e acredito - ter, seria de todo produtivo que fizesse um exame dos fatos que exponho aqui. E que não são interpretações, são objetividades da letra da lei. Certamente, uma observação peremptória como a que fez em relação a Dilma poderia ajudar a abrir os olhos de nossa Justiça Eleitoral para os atropelos que há ali. E deliberados, planejados, com a coordenação de um marqueteiro.

Quanto a suas observações sobre atitudes de meu avô, não as vou discutir aqui. Com toda a certeza, teremos oportunidade de conversar sobre elas.

E como é titular de um blog, muito mais visitado que o meu, sabe bem Noblat a dificuldade e os limites de controlarem-se comentários. Por isso, não abrirei este post a eles, para evitar acirramentos de ânimos. Os meus, pessoalmente, estão pra lá de serenos, o suficiente até para agradecer de coração os seus votos de sucesso."

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