sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Você apostaria na Zebra ou pior que tá não fica mesmo?

Por Daniela

Tem quem ache bizarro o “pior que está não fica, vote Tiririca”, mas desde a primeira vez que ouvi o bordão logo desconfiei: isso vai fazer sucesso, e mais, vai eleger o humorista. Batata: domingo não vai dar outra.

Previsível? Por quê?

Um autêntico palhaço sair como candidato a deputado federal com este bordão – que já ficou pra história - soa como piada, para alguns de mau gosto e para outros, dizem, nem tanto, já que consideram uma oportunidade de recorrer ao “voto de protesto”.

Concordo totalmente com Dalva, quando, numa conversa entre mulheres de fibra, argumentou que o maior problema nessa situação é acarretar o “vote em um leve três”, ou quatro... Quem acha que está reagindo à “palhaçada” que teria se instalado no Congresso Nacional não percebe que o seu próprio protesto contribui para manter aquela velha estrutura viciada dos partidos e deputados de aluguel. O “mensalão” é condenado, mas o sistema que o permite não e os próprios eleitores contribuem – mesmo achando que não – para perpetuar os vícios do Congresso... E ainda que se diga que Tiririca pode ter um bom desempenho como deputado, perguntamos: será que aqueles que foram alçados pela sua popularidade terão o mesmo destino?

Entretanto, pelos prognósticos de intenções de voto nesse candidato, começo a questionar se esses votos são mesmo de protesto. Minha primeira providência foi procurar o site do candidato para ter mais informações.

Entre a biografia de Francisco Everardo Oliveira Silva, seus eleitores, seus fãs e as suas propostas, ao invés de um abismo, eu encontrei bastante coerência. Eu encontrei um site fácil de navegar, com informações claras e objetivas. E objetivos, por mais que se possa contestá-los. As metas estão definidas, visam ações concretas e até são modestas, pensando que “vindo de quem vem” poderíamos esperar algum tipo de excesso ou propostas vagas e teóricas como vemos tantas por aí. Por que, então, surgiram polêmicas e protestos tipo “só um palhaço vota em outro”? Por que ninguém se indignou, por exemplo, com o marketing da campanha de Paulo Skaf? Só porque o primeiro tem votos e o segundo não? Ou por que ele seria mais sério que o Tiririca? Ou por que o preconceito contra nordestinos ainda fala mais alto em São Paulo?

Que tipo de efeito espera uma comunicação de um político que diz “aposte na Zebra”. APOSTE? A eleição em São Paulo realmente parece mesmo ter se tornado uma roleta russa.




Eu entendo perfeitamente o eleitor que rejeita essa campanha e prefere a do Tiririca. Vá ao site do Skaf, clique em “propostas”. Nada escrito. Tem apenas um vídeo sofrível sobre a saúde no estado que reclama reclama reclama, principalmente das filas, e depois apresenta como proposta uma “gestão” infalível e inovadora: “o recadastramento das filas”. E o que seria isso? A fila que você entra para pegar outra fila? É triste, mas é isso o que comunica o site do candidato, que é ruim de navegar, mas visivelmente mais caro que o do palhaço Tiririca. E esse foi só um exemplo. Se você considerar, ainda, os tiros que saíram pela culatra na campanha do candidato Serra, por exemplo, vai constatar que a maior parte dos eleitores que mudou seu voto o fez por puro constrangimento de ver uma comunicação tão repulsiva. E quanto mais ele batia, mais ele caía. E por que demoraram tanto para mudar o rumo? É mesmo um mistério...

Não estou dizendo que é o marketing que elege um candidato, mas não há dúvidas de que a sua comunicação com o eleitor é um dos elementos determinantes na conquista de votos.

Eu não vou votar no Tiririca, mas também não sou contra a sua candidatura, nem contra a sua campanha, afinal, ela está expondo o vazio existente hoje nas comunicações eleitorais. Eu não sei quanto à política, mas em relação à comunicação, Tiririca, você acertou em cheio, pior que está não fica.

Um comentário:

  1. A democracia brasileira anda tão forte que tem espaço e suporta um candidato eleito como o Tiririca. Democracias instáveis como a italiana suporteram as Cicciolinas, por que não podemos suportar o Tiririca. No marketing desse candidato, o único problema é que o candidato é a personagem dele, e não ele, Francisco Everardo Oliveira Silva.

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