quinta-feira, 7 de outubro de 2010

E agora, Marina?

Recebi esse texto e resolvi compartilhar com vocês

Dalva Teodorescu

E agora, Marina?
O Escrevinhador

5 de outubro de 2010 às 10:50h

por Mair Pena Neto

Nas primeiras eleições presidenciais pós-ditadura, em 1989, quando
perdeu para Lula o direito de disputar o segundo turno contra Collor,
Brizola, apesar do enfrentamento direto que teve com o petista na
primeira fase do processo, não hesitou sobre que lado tomar. Foi
quando cunhou a frase de que seria fascinante fazer a elite engolir o
“sapo barbudo” e apoiou Lula, transferindo alguns dos milhões de votos
que teve no primeiro turno.

Em um momento crucial para o país, que elegia seu primeiro presidente
após 25 anos de ditadura, não havia meio termo. Ou se estava ao lado
da candidatura das forças populares, naquele segundo turno,
representadas por Lula, ou se estava com as elites e o “filhote da
ditadura”, como Brizola, em mais uma de suas históricas tiradas,
classificou Fernando Collor. Em toda a sua trajetória política,
Brizola jamais teve dúvidas ideológicas. Principalmente, no momento
das grandes decisões para a vida do país.

Agora, o Brasil volta a viver uma situação de encruzilhada. O segundo
turno das eleições presidenciais terá o caráter plebiscitário que Lula
quis apresentar desde o início. O que estará em jogo são dois projetos
antagônicos. Um, representado por Dilma Rousseff, baseado no
fortalecimento do Estado e na sua capacidade de promover o crescimento
com redução das desigualdades. O outro, personificado por José Serra,
pró-mercado, privatista, que entende o Estado apenas como gerente e
não vê sentido em programas sociais de grande alcance, como o Bolsa
Família.

Novamente, não há meio termo ou terceira via. Ou é um ou é outro. É
nesta hora que se pergunta se Marina Silva, responsável por levar a
eleição ao segundo turno, terá a grandeza de Brizola, se irá se
aproximar da direita, ou, pior ainda, se amiudará politicamente e
tomará a posição conveniente e covarde da neutralidade.

Marina também está numa encruzilhada. Sua votação acima do esperado e
não captada em sua verdadeira dimensão por nenhum instituto de
pesquisa a alçou a um novo patamar político. E nesta nova condição,
ela precisa tomar partido na completa acepção do termo.

A partir de sua decisão tomaremos conhecimento de quem é a Marina que
sai dessas eleições. Se a seringueira forjada pela luta de Chico
Mendes, a ex-militante histórica do PT e ex-ministra do governo Lula,
que sempre participou das lutas populares ao lado das forças da
esquerda, ou uma evangélica conservadora, apoiada num confuso discurso
ambientalista, com mais aceitação no empresariado do que na população.

Marina, não há dúvidas, foi a maior beneficiária da sucessão de
“escândalos” midiáticos e da exploração eleitoral nas últimas semanas
de campanha da fé das pessoas, através da disseminação em púlpitos e
pela internet de temores envolvendo aborto e união de homossexuais,
onda que aproveitou sem maiores questionamentos.

Com o segundo turno, tem a oportunidade de mostrar que é bem mais do
que isso e se posicionar no espectro político que sempre defendeu,
comprometido com um Brasil socialmente mais justo. A neutralidade
nesse momento é uma não tomada de posição e será entendida como
preocupação exclusiva com um projeto político pessoal, em detrimento
do que é melhor para o povo brasileiro.O Escrevinhador

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