segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Eleições 2010: alegrias e tristezas

Por Richard Jakubaszko

Desde o início deste ano desejei um segundo turno nas eleições para presidente. Registrei isso em diversos comentários neste blog. Pois o povo decidiu pela realização do 2º turno, por sua soberana vontade e de forma sábia nas urnas, para o bem da democracia brasileira, em meu modo de entender, é claro. Espero que agora haja debate, e que propostas sejam discutidas entre os dois principais candidatos, esquecendo denúncias, casuísmos, levantamento de suspeições, factoides, moralismos, acusações idiotas e hipócritas, de parte a parte. Quero ver, como todo brasileiro, propostas de governo!


O povo votou de forma soberana e inteligentemente, mas também cometeu suas burrices e leviandades para com o país em forma de protesto através do voto, pois eleger deputado federal o humorista Tiririca, com mais de 1,3 milhão de votos é uma piada de mau gosto, mesmo sem se considerar sua declaração em resposta à pergunta de um jornalista sobre quais as propostas que ele tinha: "nenhuma", desdenhou, riu da sua própria "piada", e voltou a enfatizar o refrão "pior do que está não fica", com mais risinhos. É o único humorista que ri de suas próprias bobagens... Pra você saber, além de Tiririca tomar posse com essa votação enorme, e viva a democracia, ele merece, pois foi mais esperto, ele traz no seu vácuo mais 3 deputados federais, que foram inexpressivamente votados.

Assim, vamos ao segundo turno para a escolha do futuro presidente, mas tenham consciência de que o legislativo já está definido, com maioria de apoio ao governo federal atual, porém, essa maioria só vale para a próxima legislatura... Se, por um desses acasos irônicos da vida, Serra vier a ganhar as eleições no segundo turno, não vai conseguir governar, porque vai enfrentar um congresso, na Câmara e no Senado, com ampla maioria de oposicionistas, e vai beber do mesmo veneno que Lula amargou em seus dois governos, especialmente no Senado. Lembram da CPMF? Pois haveria coisas muito piores num eventual e hipotético governo de Serra... Tem horas que o povo parece movido a sadismo...

Nas muitas alegrias que tive nestas eleições estão as notáveis defenestradas que o povo fez no Congresso de figuras carimbadas da oposição, entre as quais Artur vou dar uma surra no Lula Virgílio (AM), Heráclito batata quente na boca Fortes (PI), Mão conforme disse Shakespeare Santa (PI), Raul factoide Jungman (PE), Marco nunca perdi uma eleição na vida Maciel (PE), Tasso tenho um jatinho porque posso Jereissati (CE), Antero eu denuncio Paes de Barros (MT), José Carlos vergonha Aleluia (BA), Heloísa traíra Helena (AL), Marcelo araponga Itajiba (RJ), Jorge traíra Picciani (RJ), Cesar eu que mando aqui Maia (RJ), Jarbas traíra Vasconcellos (PE), Rita mentirinha Camata (ES), e muitos, muitos outros que nunca souberam fazer oposição. Todos esses, a partir de janeiro próximo, estarão desempregados...

Já o ex-presidente Collor não vai ficar desempregado, pois continua senador por mais 4 anos, mas pagou o mico de ficar em 3º lugar entre os candidatos ao governo de Alagoas, sem contar o pedido de prisão expedido por um juiz eleitoral, porque ele, mais uma vez, andou bancando o espertinho e descumpriu a legislação eleitoral, fazendo campanha em pleno domingo.

Mais uma vez o voto comete injustiças, ao lado de uma legislação esperta e casuística. Deputados federais que não conseguiram se reeleger, como Brizola Neto, (PDT-RJ), por exemplo, com 55 mil votos cravados, e cede lugar a outro deputado com 13 mil votos, que foi "puxado" pelo voto de outro deputado que teve muitos votos. É uma legislação anacrônica, que exige reforma e atualização já. Outro caso desses foi Luciana Genro (PSOL-RS). Apesar de receber 129 mil votos, quando ficou em 8º lugar como mais votada no estado do RS, não vai tomar posse. Outros deputados foram eleitos mesmo tendo recebido apenas 28 mil votos, por causa dessa legislação maluca onde os políticos conseguem fazer prevalecer os seus conchavos ao invés de reconhecer o real valor do voto. O atual senador Welington Salgado, na verdade um suplente de senador, é outro exemplo, candidatou-se a deputado federal por MG, e teve mais de 50 mil votos, mas não vai tomar posse, outros deputados que receberam menos de 20 mil votos vão tomar posse em seu lugar. Acho que isso não é reconhecer o valor do voto, e não considera que o voto é soberano. Em SP há mais dois casos a se lamentar: Fábio Feldman e Zé Genuíno, ambos com cerca de 100 mil votos cada um, e que não se elegeram, mas alguns deputados federais em SP foram eleitos com 42 mil votos, menos da metade. Convenhamos, isso não é reconhecer a vontade do povo.

Difícil, ontem, domingo de apurações, deve ter sido a vida dos três candidatos a governador do Amapá, foram vendo as apurações empatados sempre na casa dos 28%, diferença de frações entre um e outro... A diferença entre o 1º e 3º lugar, dos 2 que vão ao segundo turno, tem menos de 0,5%. Haja coração!

Vamos então ao 2º turno, e façamos militância ponderada e sensata no voto religioso e hipócrita, discutamos os factoides e denúncias vazias, expliquemos aos ignorantes políticos o que é esquerda e direita e quem representa o que nesse mingau sortido da política brasileira. Convença seu amigo, vizinho, colega de trabalho, ou qualquer outro, a votar de forma consciente, pois não existe 3º turno para depois se arrepender e fazer ajustes de um voto mal feito.

E convença seu interlocutor de que vá votar, pois a abstenção de 18,12% na votação de ontem é muito alta, indica, salvo melhor explicação, desinteresse do povo pelos destinos do país.

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