sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A política de exclusão de José Serra e a cobertura “morna” do Estadão ao debate


Por Daniela

Fora o brilhante desempenho de Dilma que a velha mídia faz questão de tentar apagar, o que destaco como positivo foi exatamente o que o Estadão chamou de “morno”. Por que um debate precisa ser feito de polêmicas e ofensas? Serra bem que tentou, mas não tinha clima e acho que percebeu isso, se batesse na candidata do Governo seria pior ainda para ele mesmo. Mas ele também não conseguiu se sustentar nas próprias propostas. Bom, sem isso sem considerar que ele não entregou proposta alguma, lembram-se? Mas vamos dizer que ele tem algumas, vai. E todas elas vão na mesma direção: políticas de exclusão.

Logo na primeira rodada o candidato anunciou 3 propostas absurdas. A primeira foi a de colocar o Governo Federal no Combate ao crime, mudando a constituição de modo que a Segurança deixasse de ser responsabilidade estadual para ser responsabilidade federal. Nesse bololô ele disse que ia criar o Ministério da Segurança, que foi a segunda proposta absurda.
Ora, mesmo depois do caso do “ministério do acarajé” Serra ainda não percebeu que as pessoas já perceberam que a sua estratégia de criar ministérios a torto e à direita é eleitoreira.
Bom, se não for é pior ainda, ele vai reconfigurar toda a máquina do Estado. Ui!
E não duvido, assim, ele vai poder controlar bem, como faz de maneira exemplar em São Paulo, os professores de todo o Brasil. Cassetete neles, Serra! Imaginem só, isso é política que se proponha? Todas as polícias sob comando do Serra! Desse jeito dava até terceiro mandato.Por fim, disse que vai criar o Protec, que  será o Pro-Uni do nível técnico. Ele volta ao delírio de que é candidato do PT, de que as políticas sociais do governo Lula já eram do FHC, de que a gente vai acreditar que ele fará pelo Brasil o que não fez por São Paulo.  E ainda tem gente que diz “tanto faz PT ou PSDB não muda nada”. Sem comentários.

Na segunda rodada Serra faz a Dilma a mesma pergunta que Boechat tinha feito. Foi ótimo, até Dilma agradeceu, pois pode continuar a falar sobre os assuntos educação, saúde e segurança.
Depois do discurso articulado e cheio de provas concretas de Dilma veio a réplica hilária de Serra. Sua quarta proposta absurda: a política do mutirão da saúde.
Quando Dilma retomou o turno ainda comentou, os mutirões são interessantes para ações emergenciais, mas não podem ser uma política pública. Bingo!
E os jornais se calaram. O Estadão ainda ousou na capa de hoje: “O tucano explorou o tema da saúde, e Dilma, as realizações do Governo Lula. Num dos raros momentos tensos, o tucano chamou de “cruel” o abandono dos mutirões de cirurgia.” Só mesmo dando muito mais espaço para um dos candidatos, e enchendo-o de mentiras para, quem sabe assim, os leitores que preferiram assistir ao jogo do São Paulo e Internacional acreditassem nos elogios ao Serra e nas críticas à Dilma.
O tucano não explorou o tema da saúde, ele explicitou a sua política de exclusão à la paulistânia: os pobres, deixem que façam mutirões. Eles se viram, temos coisas mais urgentes a tratar, como retomar a ALCA e abandonar o MERCOSUL. Daí a gente completa com uns enxovais para as mães carentes (parece que o “mãe paulistana” é a única realização do Governo Serra) e faz a crítica do bolsa família como se o programa fosse uma política assistencial.

Digamos que “morna” foi a cobertura do Estadão que ao invés de comentar as propostas feitas no debate, preferiu um texto mais descritivo, falando como a Dilma estava nervosa em sua estreia, que gaguejou várias vezes (só ela!) e que Marina foi a única a fazer perguntas para os 3 candidatos. Que Plínio foi irônico e falou do desmatamento. Acharam graça dele chamar Marina de ecocapitalista e Serra de hipocondríaco.
Nas notinhas no fim da página tive a impressão de estar lendo Caras: “Skaf troca de cadeira para ficar longe do PT”, coitadinho, “não escondeu o constrangimento a entrar no estúdio e sentar-se na mesma fila de Aloizio Mercadante (PT), da primeira-dama, Marisa Letícia, e da candidata ao Senado Marta Suplicy (PT). Levantou e mudou de lugar”. A relevância da informação é algo que impressiona. O que quer dizer isso? Os petistas são portadores de doenças contagiosas?
E não termina por aí. Sobre a Dilma tem uma informação também super relevante: resolveu trocar o terno vermelho comprado para a ocasião pela calça preta e blazer branco. Para finalizar, registraram o comentário de Sérgio Guerra: “ela parece gaga nas ideias, nas palavras e no pensamento. Não concluiu um raciocínio. Se a gagueira for intelectual, aí é mais grave”. Isso é oposição medíocre-invejosa ou é um machismo descarado e inaceitável para um político na posição que ele ocupa hoje no País? Os dois.

Claro, muito conveniente para o Estadão silenciar a verdade sobre o debate, o discurso non sense ultradireita do candidato que defendem. Nem tocaram no assunto da última fala do candidato que queria chorar com uma falsa história de pobreza na infância e, claro, não conseguiu. Sinceramente, isso tá mais parecendo teimosia. Nem o Estadão ganharia mais com a eleição do Serra do que com a eleição da Dilma. É puro esperneio paulista.

O debate de ontem é um dos assuntos mais comentados do dia.  Todos fazem análise sobre o desempenho dos candidatos e foi evidente o preparo da candidata Dilma em comparação aos outros candidatos, afinal, se teve alguém que tocou os projetos do Governo Lula de perto foi ela. Ela não precisa se colar no Lula já que as realizações deste Governo dependeram quase tanto dela quanto dele. Então, a segurança dela só poderia ser uma “surpresa” para a velha mídia, que ainda tinha um mínimo de esperança que o seu candidato de oposição se saísse melhor que a candidata do atual governo. Mas não adianta manipular, a próximas pesquisas vão dizer a verdade. Vamos esperar.

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