Por Dalva Teodorescu
Fato inusitado na cena brasileira, no dia 5 de agosto, doze associações industriais publicaram nos principais jornais de circulação nacional, documento de 20 parágrafos em apoio à política de financiamentos subsidiados adotada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O manifesto foi um ato de desagravo às críticas que o BNDS vem recebendo ultimamente dos bancos privados, em razão das medidas emergenciais adotadas para atenuar os impactos sobre a indústria na crise.
As críticas viraram manchete na mídia nacional e chegaram às páginas da revista inglesa The Economist. Imaginem!
Mas, sinal do tempo que corre, as associações industriais saíram em defesa do banco do governo.
No documento "Em defesa do investimento", publicado em informe publicitário, as associações “condenam os ataques sofridos pelo BNDES, que ganharam vulto nas últimas semanas".
O comunicado afirmava que "os responsáveis por esses ataques são os que sempre defenderam as ideias do pensamento econômico que prevaleceu nas últimas décadas, que levou o mundo à maior crise econômica dos últimos 80 anos".
De acordo com matéria do jornal O estado de São Paulo do último dia 6, o movimento teria sido liderado pelo presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto. "A ideia surgiu porque estamos assistindo a um ataque violento ao BNDES. Se não fosse o BNDES, estaríamos mortos aqui, chorando sangue".
Ainda segundo o Estadão, o presidente da Abiplast, José Ricardo Roriz Coelho, afirmou que o objetivo foi ressaltar o papel do BNDES durante a crise, quando os bancos privados deixaram de financiar as empresas e perderam participação no mercado de crédito. "Esses bancos (privados) estão fazendo essas críticas ao BNDES sem fundamento".
Paulo Butori, presidente do Sindipeças (que representa as fabricantes de autopeças), teria dito que “na falta de uma política industrial mais definida, o BNDES tem assumido o papel de fomentar investimentos no País. Por isso, ele e as demais entidades que assinam o documento discordam das críticas que o banco tem sofrido recentemente". "Precisaríamos de mais uns três ou quatro bancos que fizessem o mesmo."
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, aprovou o manifesto, embora a entidade não esteja entre os signatários. Disse que não assinou porque não foi "consultado" pelas associações. "O papel do BNDES é e foi muito importante, principalmente na crise, quando alavancou vários setores da economia."
A velha mídia que tanto deu eco às críticas dos bancos privados se surpreendeu com o manifesto. O estadão chegou a fazer editorial na segunda feira, justificando as críticas, tal era a perplexidade diante da reação das indústrias brasileiras.
Reconhecemos, é de veras um fato inédito no capitalismo brasileiro. As indústrias apoiando um governo trabalhista, contra a mídia e os bancos.
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Prevalece nesse comportamento da mídia e dos bancos uma das máximas de Goebells: "Acuse-os do que você faz". Na impossibilidade de debater diretamente o que é melhor para o país, ou de propor novos caminhos, justificando-os de forma pertinente, a tal oposição medíocre prefere o único caminho que conhece: tentam desqualificar os oponentes, considerando com isso que iriam invalidar e reduzir a importância das ações do governo Lula, inclusive a política do BNDES.
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