quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Para não dizer que não falei de luta armada

Por Dalva Teodorescu

A diferença de apresentação das duas candidaturas à presidência no horário eleitoral foi gritante.

Serra se baseou na campanha de Kassab para a prefeitura de São Paulo. Monotemática a campanha pecava por pequenez. Sua mensagem não teve a grandeza de quem quer governar uma nação.

O tema da saúde sem dúvida é fundamental, mas Serra não é candidato a ministro da saúde, nem a prefeito.

A mensagem de Dilma mostrou tudo isso e mais ainda. Mostrou um país confiante, crescendo, ainda que com grandes desafios para erradicar a miséria extrema e dar saúde e educação adequada à população. Tudo foi dito e mostrado com leveza e plasticidade.

A candidata estava feliz e bonita, confiante. O povo mostrado é bonito e alegre. Coisa de quem conhece o povo.

Dilma se apresenta como mais presidenciável que seu adversário. A afirmação é de um amigo europeu, que não está tão preocupado com a eleição brasileira.

O filme chamava à emoção, mas não me emocionei com o adeus do Lula e sim com a possível chegada à presidência da República da jovem que um dia com 19 anos se engajou na luta armada contra a ditadura militar.

Emocionou-me e fez pensar que a luta não foi em vão. As perdas foram muitas, mas houve um processo. Mais do que FHC ou Lula, Dilma representa o sonho de nós que éramos jovens na época dos porões do ditador Garrastazu Médici. Desses poucos falam tão cruéis eram seus crimes.

Nós que éramos jovens estávamos engajados de alguma forma na luta contra a ditadura. Seja nos movimentos de jovens cristãos, nos movimentos operários ou nos movimentos de luta armada.

Nós que não estávamos na luta arma apoiávamos com orgulho e firmeza os jovens corajosos que o faziam. Era assim. Só quem viveu jovem o período da ditadura pode compreender isso. Nada pode ser dito sobre o tema fora daquele contexto.

José serra também se engajou na AP - Ação Popular. A AP tinha também um braço armado, com certeza Serra não participava dele, mas é uma pena que Serra quase negue o seu envolvimento com a AP.

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