quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A Folha enterrou o Serra

Por Dalva Teodorescu

O Jornal Folha de São Paulo enterrou o candidato José Serra desde o último domingo. Depois disso diariamente o jornal dá como certa o fim da carreira do tucano.

Não, o Jornal não aderiu à candidatura de Dilma. Continua a fazer suas fofocas diárias atacando de todos os lados. Especula sobre composição do governo Dilma, sobre as reformas que serão adotadas por ela, e por aí vai.

A Folha aderiu ao “não estou nem aí; quer ver o circo pegar fogo”. Induzir os petistas ao jogo perigoso do já ganhou.

Os 20 pontos de avanço de Dilma sobre Serra, estampados na cobertura da Folha de hoje é excitante, mas chama à prudência. Estamos a 40 dias da eleição e muita coisa pode acontecer numa eleição em 40 dias.

Lula tem razão, a militância deve ser redobrada nos dias que correm. A oposição não vai dar trégua. E a revista Veja já publicou mentiras que são repetidas no programa eleitoral tucano dizendo que “Dilma já Brigou com o Lula”.

Foi num clima de “já ganhou” que na França, em 2003, o candidato da extrema direita Jean Marie Le Pen bateu o socialista Leonel Jospin eliminando-o no primeiro turno de uma eleição presidencial.

Jospin era o primeiro ministro e seu governo era muito bem avaliado. Sua derrota no primeiro turno foi uma catástrofe. Jospin que era o líder incontestável dos socialistas abandonou a política naquele dia. Tão grande foi sua decepção.

Esquerda e direita tiveram que se unir, no segundo turno, para conter Le Pen elegendo o candidato da direita Jacques Chirac.

No entanto, até a véspera do primeiro turno, as pesquisas de opinião, a imprensa e os militantes davam como certa a vitória esmagadora do socialista Jospin. O próprio candidato só produziu material de propaganda para o segundo turno, tão confiante estava.

Acontece que diante da grande margem de pontos, o eleitor de esquerda depositou seu voto em candidatos alternativos pensando votar em Jospin no segundo turno.

Não deu. Houve grande dispersão de votos e o fascista Le Pen eliminou o socialista.

O resultado traumatizou a esquerda francesa e os socialistas só agora parecem estar saindo da ressaca de 2003.

No Brasil, temos o exemplo da eleição para a prefeitura de São Paulo de 1988, quando fomos dormir com sondagens dando a vitória ao candidato Paulo Maluf e acordamos com a Luiza Erundina eleita prefeita.

Sem falar na eleição de 1985, quando FHC , líder nas pesquisas para a prefeitura de São Paulo, posou para uma foto sentado na cadeira de prefeito antes da eleição e acabou derrotado por Jânio Quadros.

Existem muitos outros exemplos, por isso, hoje devemos olhar para os resultados das pesquisas de intenção de voto em Dilma Roussef com muita prudência. Quanto maior a vantagem mais cuidados devem ser tomados para não se incorrer em erros.

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