Por Dalva Teodorescu
Dilma Roussef cancelou uma sabatina (leia se entrevista com eleitores e jornalistas) programada pela Folha de São Paulo. A candidata petista justificou o cancelamento por conta de um agendamento com líderes de governos europeus na mesma data. Dilma conseguiu agendar encontro com Durão Barroso Presidente da Comissão Europeia, com Luís Zapatero presidente do governo Espanhol, com José Socrates primeiro ministro de Portugal e com Nicolas Sarkozy presidente da França. Qualquer pessoa em sã consciência sabe medir a importância de se conseguir agendamento com quatro importantes líderes europeus num curto espaço de tempo. E a candidata petista sem dúvida mediu o custo benefício do cancelamento da tal sabatina, acreditando que entre gente de boa fé se dialoga, podendo até reagendar a entrevista.
A Folha não entendeu assim e mandou bala. A vingança do Jornal foi terrível. O Jornal que vinha adotando uma postura mais ou menos decente na história de fabrição de dossiê passou a cotidianamente fazer manchete com denúncias contra a campanha petista. Denúncias que não se sustentam quando o leitor lê a matéria: são dados sem fundamentos, e requentadíssimos das denúncia feitas por Veja. A Folha se sentiu dimimuída, quem sabe, face a escolha da candidata ou, quem sabe, se julgou poderosa demais e viu como um acinte a declinação do SEU pela candidata Dilma Rousseff.
A chamada grande imprensa se solidarizou com o Jornal e espalhou que Dilma teria cancelado vários debates com o candidato tucano. Todo mundo sabe que os debates ainda não estão na pauta nem dos partidos nem de ninguém.
Mesmo assim Neumâne Pinto no jornal da manhã da rádio Jovem Pan chegou a perguntar para a minsitra sobre o cancelamento de debates. A ex-ministra respondeu prontamente: “de que debate o sr. está falando? Silêncio total e o Anchieta Filho saiu em socorro do controvertido jornalista: “a sabatina da Folha ministra”. Ah, respondeu a candidata, “não era debate era uma entrevista”. E Dilma discorreu sobre a importância para sua campanha de encontrar com os líderes europeus.
O pior é que alguns eleitores da candidata Dilma afirmam que ela sabendo que a mídia bate sempre no PT deveria ter atendido aos caprichos da Folha e cancelado a agenda com os quatro governantes europeus para evitar polêmica. Francamente é demais. Se isso não é ditadura da mídia é então o que é?
Por ocasião da eleição presidencial de 2006, um amigo, na época chefe de gabinete de um senador do DEM, me dizia com orgulho que no Brasil quem manda é a mídia. Ganha eleição quem a mídia escolhe, dizia ele. A profecia não deu certo. Em 2006 Lula ganhou contra a mídia. Então não precisa a Folha fazer um tal escarcéu por conta de um cancelamento de entrevista.
Ninguém duvida que causa transtorno na organização do jornal um cancelamento de última hora, mas também não é o fim do mundo, muito menos um crime que exige vingança. O fato só ilustra como a mídia precisa dos candidatos para produzir seus jornais o tanto quanto os candidatos precisam da mídia para divulgar suas ideias. É esse o jogo democrático e a mídia tal como qualquer cidadão ou instituição cidadã vai ter que aprender a respeitá-lo.
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