quinta-feira, 29 de abril de 2010

Carta ao Estadão

Por Dalva Teodorescu



Parodiando Mauro Chaves: O Estadão deveria contratar mais repórteres para dar conta das informações e reflexões que não interessa à opinião do jornal, mas interessa a uma parte dos seus leitores. Vamos ao exemplo.

A Globo tirou em poucas horas seu comercial de aniversário, cedendo à denúncia na internet de blogueiros do PT. A Globo, em que pese sua hegemonia de audiência, é preciso admitir, esta velhota. É só reparar em seus custosos astros. Estão velhos. O Modelo Hollywood faliu. O modelo das novelas na tarde, no vespertino, na noite e depois no programa de humor não se sustenta mais. Isso é verdade. Mas é igualmente verdade que a Globo continua poderosa, embora menos: veja as discussões sobre o monopólio no futebol brasileiro. O pessoal do Estadão não informou seus leitores que a imediata interrupção do dito comercial se deu após os advogados da Globo consultarem o presidente do TSE Ricardo Lewandovski. Isso muda muita coisa, sobretudo não deixa pensar que a pobrezinha Globo já esta bem mais fraquinha do que mostra.

A pré-candidata do partido dos trabalhadores tem o apoio de mulheres que contam na historia do país: Maria da Conceição Tavares a homenageou no dia de seu aniversário e Norma Bengel saiu em defesa da ex-ministra quando setores da imprensa fizeram de sua foto no blog da candidata "l'affaire" da semana. A negligência do blog da ex-ministra deve ser noticiado, mas fazer disso "une affaire" denota pobreza de criticidade.

O que se espera é que qualquer um dos candidatos dê continuidade ao processo de consolidação da social democracia brasileira promovendo reformas políticas e aperfeiçoando a democratização do debate político e social e promovendo maior pluralidade de opiniões. Todavia a relação incestuosa entre a mídia e o candidato tucano causa certo desconforto e gera desconfiança sobre o grau de independência dessa imprensa num futuro governo tucano.

Causa constrangimento a maneira como parte da imprensa dita séria se põe ao serviço da candidatura do ex-governador de São Paulo, sem que se saiba bem em nome do que e como, e passa a praticar o que Bourdieu chamou de "violência simbólica" sobre a ex-ministra. Causa constrangimento o assédio que se faz à pré-candidata do PT. A Fox News não é jornalismo. O verdadeiro jornalismo deve repudiar o modelo Fox News.

O Estadão chega a não publicar os cargos governamentais que a ex-ministra ocupou na esfera municipal, estadual e federal. A brilhante carreira da ex-ministra atesta a sua competência e pode ofuscar outras, parece dizer a atitude do Jornal. O Estadão foi pego em seu próprio jogo.

A lista de censura, sobre fatos positivos envolvendo a pré-candidata, praticada pelo Estadão está ficando longa; a compra diária de outros periódicos esta se fazendo fortemente necessária para obter informações; distorcidas ou não. Ao leitor resta saber decifrá-las. Era a pratica do Estadão antes do jornal se engajar de corpo e alma na campanha do candidato tucano. A pluraridade de informação foi banida totalmente e quem perdeu foi o leitor do Jornal.

Durante todo o ano de 2009, Dora Kramer bateu na tecla Aécio vice, com pouco pudor. Houve trocas de letras com o ex-governador de Minas. Se desgastou, por fim. Reicindiu com a tecla Ciro; é uma vítima genial. O senador pelo Ceara vai trabalhar para a campanha de seu padrinho político e amigo Tasso Jereissati. O apoio do deputado ao senador é uma exclusividade Estadão. Ninguém nunca tocou no assunto.

E por ai vai... A lista é longa. Meu tempo é curto. São momentos dedicados ao monólogo com o jornal. O dialogo é ausente.

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