Por Dalva Teodorescu
Comentamos dias atrás que, qualquer que seja o resultado das eleições presidenciais, a CNBB sairia enfraquecida.
Hoje, acreditamos que alguns veículos de comunicação também sairão menores e outros ganharão destaque nesse processo eleitoral.
A eleição de 2010 entrará para a história como o evento que fez surgir a pluralidade da mídia no Brasil.
Essa pluralidade estava se observando desde o primeiro turno, a exemplo do jornalismo realizado por Band e Band News e Rede TV!
Mas o marco definitivo foi o desmascaramento pela SBT da matéria exagerada do JN da Globo, sustentado que José Serra teria se ferido e ido para o hospital, depois de ser atingido por um objeto.
Ali ficou claro que a mídia não falava mais de uma só voz e que as mentiras não seriam mais suportadas em silêncio, como se fossem verdadeiras.
Por outro lado, a briga antiga entre TV Globo e TV Record, que girava geralmente em torno de intrigas de católicos e evangélicos, ganhou contornos eleitorais.
A Globo acreditou que poderia continuar agindo como porta voz dos tucanos, mas não contou que a concorrente iria contrapor tudo.
Ver a apresentadora do Jornal da Record ironizar Fátima Bernardes por ter dito que o paciente Serra apresentou ferimentos no episódio da bolinha de papel foi hilariante.
Mas, quando o jornal da Record, com didatismo, mostrou que o jornalista Amaury Ribeiro teria quebrado o sigilo dos tucanos a serviço de uma disputa entre a turma de Aécio e do Serra, o telespectador teve a certeza de que a pluralidade de jornalismo tinha se instalado na mídia brasileira.
A Globo não era mais a dona da verdade no noticiário político brasileiro.
A revista Veja também encontra a oposição ferrenha da revista Isto É, que decidiu enfrentar a rival fazendo contra ponto nos noticiários políticos.
Os escândalos tucanos que nunca viraram manchetes, ao contrário sempre foram acobertados, (lembrem se do caso Alstom) passaram a ocupar as capas da Isto É.
A última edição da revista Isto É está imperdível e a CartaCapital ganhou uma parceira de peso no quesito pluralidade de jornalismo.
A TV Record, a SBT e a revista Isto É sairão mais fortes dessas eleições porque permitiram ao, eleitor o contra ponto com a mídia tradicional, como a rádio Jovem Pan, a TV Gazeta, a Rede Globo de jornalismo, jornal e TV e rádio CBN, os Jornais Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo.
Outros veículos de comunicação ganharam destaque nesse processo das eleições presidenciais. A Rede de televisão e rádio Band News e Band e a Rede TV! sem dúvida sairão engrandecidas por realizarem um jornalismo parcial e diversificado.
Band e Rede TV ! asseguraram ainda dois bons bons debates entre os candidatos presidenciáveis.
O jornalismo da Globo sem dúvida sairá desgastado, tanto JN quanto Globo News.
Não foram capazes de adotar uma postura ética e de distanciamento no debate sobre as eleições. Falaram sozinhos na maior parte das vezes até chegar ao ápice do ridículo, quando bancou a farsa da bolinha para favorecer o candidato tucano.
A Folha de São Paulo também sairá menor. O Jornal chegou a sustentar algumas revelações comprometedoras, como o aborto de Monica Serra, mas se desgastou quando junto com sua parceira Globo, tentou desqualificar a importância dos votos evangélicos no primeiro turno.
O Datafolha não incluía em seu questionário a pergunta sobre religião. O Ibope detectou, antes do primeiro turno, os quatro milhões de voto evangélicos que escoaram de Dilma para Marina e o furo foi dado três dias antes pelo Estadão.
O Jornal do dr. Ruy chegou a fazer editorial mostrando a importância de temas religiosos como fato novo na eleição.
A Folha não viu nada, não quis admitir a cegueira, e insistiu que foi o caso Erenice que tirou os votos de Dilma e, sempre bem respaldada pela Globo, continuou a divulgar os boatos que interessa a ela e ao candidato tucano.
O jornal O Estado de São Paulo, quando declarou seu voto à José Serra, deu um passo importante e pode adotar, em alguns momentos, distanciamento das fofocas da Folha e do Globo, como o episódio bolinha de papel.
Mas, o jornal convive mal com a diversidade de opinião. Quando em editorial, citando o evento sobre as melhores empresas do Ano, não consegue citar o nome de Mino Carta e da CartaCapital, preferindo dizer “o dono da revista que organizou o evento”, o Estadão mostra falta de maturidade democrática.
Esse viés do Jornal ficou ainda mais claro quando demitiu a psicanalista Maria Rita Khel, porque a colunista ousou, em artigo, equipar o interesse dos votos dos ricos aos interesses dos votos dos que se beneficiam com bolsa família.
Hoje temos a mídia tradicional, a chamada velha mídia, disputando espaço com uma nova tendência do jornalismo brasileiro que optou pela pluralidade e o distanciamento no noticiário político.
E isso deve ser reconhecido e festejado e como uma nova era do jornalismo brasileiro. E, como diria a mãe do Napoleão, “Pourvu que ça dure" em bom português : "tomara que isso dure”.
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Olá, me chamo Edna Flores, fui secretaria de Jorge Fagali Neto por 3 anos, convivi e vi muita coisa, tenho comigo e-mails onde ele e os envolvidos nas obras do metro conversam e trocam idéias sobre como e onde angariar fundos, procurei tanta gente pra poder passar esse material, ninguém me respondeu, e hoje eu só vejo matérias falando de assuntos que eu já imaginava que iriam aparecer como escândalos, nunca entendi por que não tive resposta de ninguém. Tão estranho isso tudo, e vejam Jorge Fagali Neto era o que mais tinha dinheiro irregular numa conta na Suiça. A vida é assim...
ResponderExcluirAté
Edna Flores