Por Dalva Teodorescu
Depois do Financial Time e Economist, foi a vez do Papa se intrometer nas eleições do Brasil.
No entanto duas lógicas distintas guiam a iniciativa dessas entidades.
As publicações britânicas são guiadas por uma lógica econômica liberal e pela visão de que o Brasil cresceu, se fortaleceu e ocupará um lugar central na economia internacional, nos próximos anos.
Fomos acostumados a que os editoriais dos grandes jornais internacionais declarassem sua preferência em candidatos, apenas quando se tratava das eleições americanas, em razão de sua óbvia importância na economia mundial.
Se é raríssimo o FT fazer editorial apoiando candidatos dos países vizinhos, do continente Europeu, mais dificil ainda é opinar sobre a escolha de um candidato de países com economia de pouca expressão internacional, como alguns países da Africa Central, por exemplo.
Portanto, a iniciativa do FT e Economist deve ser vista como um fato positivo e vinculado à importância que o Brasil adquire na cena internacional.
Já a intromissão do chefe do Vaticano obedece a uma lógica obscurantista de uma igreja misógina.
O que sabe o Papa Bento XVI e seus bispos, esses homens que nunca contraíram o matrimonio e nunca assumiram família, sobre a realidade das mulheres.
Numa lógica oposta ao FT e Economist, o Vaticano de Bento XVI se intromete em países pobres. Obedecendo essa lógica continua falando para os brasileiros como se fossem criaturas menores e imaturas.
Alguém já viu o papa falar contra o aborto para a laica sociedade francesa ou a inglesa e mesmo americana. Nunca ele ousaria.
A igreja católica vai até onde o povo permite. E nessa permissão da sociedade, a imprensa, que se quer sempre tão vigilante em relação à autonomia das instituições, tem um papel relevante.
Um exemplo dessa intromissão indevida da Igreja Católica se deu recentemente nas Filipinas, onde o presidente Benigno Aquino III anunciou que o Estado ajudaria casais pobres que desejassem utilizar um método contraceptivo.
A declaração do presidente provocou imediatamente a fúria da Igreja Católica. Muito influente no país, em 2008 ela conseguiu bloquear um projeto de lei sobre o planejamento familiar.
O governo argumenta que o desenvolvimento do arquipélago de 94 milhões de habitantes passa pelo planejamento demográfico. Coisa que a Igreja Católica faz questão de ignorar.
O que deve ficar claro é que esse tipo de comportamento dos representantes da Igreja é mais resultado do tipo de sociedade do que do próprio papa Bento XVI. O papa cumpre de maneira muito reacionária o dogma da Igreja que representa.
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Religião e política é uma mistura indigesta e perigosa, cujo resultado sempre é morte e guerra.
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