Por Daniela
Os temas comentados foram apenas 3: aborto, caso Erenice e Ciro Gomes. Por que foram escolhidos esses assuntos? Por que Fátima e Bonner não perguntaram NADA sobre o programa de governo da Candidata? Por que não tocaram no assunto EDUCAÇÃO ou Pré-sal, por exemplo?
A candidata Dilma se saiu muito bem nas respostas. Foi direta e segura. Ela não perdeu a oportunidade de esclarecer o eleitor no jornal de maior audiência da TV brasileira. Veja e leia a entrevista aqui.
Escolhidos a dedo pelo Jornal, os assuntos supostamente “polêmicos” deveriam desconcertar a candidata. Mas não foi isso o que aconteceu, eu diria que foi bem o contrário. O feitiço virou contra o feiticeiro e quem saiu perdendo foi o próprio jornal.
A insistência dos entrevistadores em refazer as mesmas perguntas 2, 3 vezes só aborreceu o telespectador e mostrou a falta de conteúdo e preparo de seus jornalistas. No mínimo. Para quem está acompanhando de perto o cotidiano das eleições ficou evidente o quanto o discurso do jornal está próximo do discurso “Dilma duas caras”. Entretanto, como esse discurso é vazio, ele não cola e quem o repete por aí acaba caindo no descrédito. Não são as respostas da candidata que são ambíguas, são as perguntas dos jornalistas que não dialogam com a realidade, elas apenas reproduzem o sensacionalismo e o denuncismo do acusar sem provas que parece ter dominado não apenas a campanha eleitoral 2010, como a chamada grande imprensa, que de grande, hoje em dia, só tem mesmo a cara de pau.
Foi muito bom ver o desconforto de Fátima que cruzou os braços em pleno ar como quem expressa “não estou gostando nada disso”. O gesto totalmente inconsciente revela o quanto a âncora ouviu a contragosto a resposta de Dilma, pela terceira vez, depois de já ter reformulado a mesma pergunta 2 vezes. Quando a candidata tocou no nome Paulo Vieira de Souza a jornalista achou melhor mudar de assunto.
Assista, leitor, vale conferir. Primeiro, Fátima queria que a candidata dissesse “que garantias a senhora oferece ao eleitor de que isso [caso Erenice] não venha a se repetir no caso de a senhora ser eleita?”, depois, ignorando a resposta honesta “Olha, Fátima, a gente tem de ser muito claro com o eleitor e não tentar enganá-lo" [diga-se de passagem, é tudo o que quer o eleitor]. "Erros e pessoas que erram acontecem em todos os governos" [chega de hipocrisia!]. "O que diferencia um governo de qualquer outro governo é a atitude desse governo em relação ao erro. A nossa atitude é: nós investigamos e punimos” [bingo: é o única coisa certa a fazer num regime democrático, os entrevistadores ainda não sabiam disso?].
E a entrevistadora insiste “mas ele aconteceu”. Era o que a candidata tinha acabado de dizer: não é possível garantir que não haverá erros! Ou será que a âncora não sabe mais escutar? Não contente, reformula a mesma questão, já respondida: “A senhora acha que houve alguma falha, por exemplo, na estrutura montada pela senhora na Casa Civil para que esse erro pudesse acontecer?”
A Dilma tem mesmo é muita paciência! Só na terceira provocação colocou a carta Paulo Vieira de Souza na mesa. Aí Fátima se desconcertou, claro, ela não tinha feito a lição de casa, não tinha denunciado o caso Paulo Preto com a mesma fúria com que devassara o caso Erenice.
Na entrevista com Dilma Rousseff, Fátima e Bonner perderam uma grande oportunidade de provocar uma discussão relevante para o país nessas eleições. E não podem usar a desculpa que teriam perguntado o que os brasileiros gostariam de saber, porque queremos saber de propostas e não de denúncias e polêmicas, sobretudo essas questões já tratadas e requentadas na mídia à exaustão. Ao invés de sair na frente, o JN está correndo atrás. Que feio...
Espero que, em retorno, não percam a oportunidade de dar o mesmo tratamento ao entrevistado de hoje. E se o Jornal está sem assunto, ou se o candidato não poderá falar sobre o programa de governo que não entregou no ato de sua candidatura, os âncoras deviam perguntar, ou melhor, INSISTIR com o candidato José Serra sobre 3 assuntos que embora possam ser polêmicos são sistematicamente ignorados pelo jornaleco em questão: o caso Paulo Vieira de Souza, o tratamento dado aos professores da rede estadual de São Paulo - perguntem a ele, por favor, sobre Jeferson Cabral – e, finalmente, “que garantias ele pode oferecer ao eleitor” que as privatizações não venham se repetir?
Essas perguntas sim representariam a contento as dúvidas que milhares de brasileiros (pelo menos 47 milhões de eleitores) gostariam de ver respondidas.
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