Por Dalva Teodorescu
O paradoxo Marina Silva chegou ao máximo quando se elegeu com votos da chamada vanguarda universitária, dos que têm mais estudos e maiores salários e com votos de setores conservadores ligados às igrejas evangélicas, que acreditaram nas infâmias difundidas na Internet, contra Dilma Rousseff, de maneira nada cristã e nada ética.
Nada cristã, tampouco, a atitude dos candidatos, Marina e José Serra, quando usaram da infâmia que corria na rede para ampliar seus ataques a Dilma, na questão do aborto.
Ontem, foi a vez da CNBB de lançar aos candidatos manifesto em favor da vida.
Tudo isso me parece pouco cristão e muito autoritário.
É preciso respeitar a constituição brasileira que garante ser o Brasil uma República Laica.
O desenvolvimento sustentável é muito importante para a sociedade, mas as garantias dos direitos e liberdades individuais também. Um não pode evoluir sem o outro.
Fiquei pasma de ver os artistas e intelectuais aderirem à conservadora Marina e por tabela aos conservadores evangélicos. Marina é sensível nas questões socioeconômicas, mas extremamente conservadora nas questões religiosas e morais.
Ninguém precisa ter lido Simone Bouvoir para ficar de queixo caído com essa aliança. Basta ter participado da geração que lutou pela liberação e pelos direitos das minorias, principalmente das mulheres.
Na questão do aborto, que de fato é uma questão de saúde pública e em certas situações de compaixão, o Brasil está cerca de 30 anos atrasado, quando se compara com os países desenvolvidos e com países da América latina. Isso parece não fazer diferença para os letrados que apoiaram Marina.
Milhões de brasileiras e brasileiros que desejam discutir questões cruciais, como a descriminalização do aborto e do uso de drogas, da união legal de pessoas homossexuais e outros temas de sociedade, não podem ficar refém de parcelas ultraconservadora da população evangélica, que hoje representa 20% do eleitorado brasileiro.
A onda verde virou onda conservadora, como afirma CartaCapital, e nos remete à onda cristã que antecedeu o golpe de 1964.
Muitos evangélicos não são obscurantistas e um dos líderes da Igreja Assembleia de Deus, que reúne 13 congregações, conclamou seus fiéis a votarem em Dilma Rousseff, sem resultado parece.
Agora Marina pede 15 dias para decidir se fica neutra, se apoia Serra ou se apoia Dilma. Marina foi ministra do governo atual durante 7 anos e não sabe qual das duas candidaturas, a petista ou a tucana, pode melhor integrar suas ideias.
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