quarta-feira, 23 de março de 2011

A relação do Estadão com Lula ou: Je t’aime, moi non plus

Por Dalva Teodorescu


A canção de Serge Gainsbourg pode ilustrar a relação que o Jornal O estado de São Paulo mantém com o ex-presidente Lula.

Uma vez por semana, no mínimo, o Jornal dedica um de seus famosos editoriais ao ex-presidente.

Quase três meses depois de Lula ter deixado o cargo, o Jornal parece não conseguir se desvencilhar do peso de sua estatura.

Duas leituras são possíveis:

Uma delas remete à psicanálise: Ninguém precisa ser especialista em Freud para perceber que o espaço dispensado ao ex-presidente corresponde à profunda admiração que o Jornal tem, se não pela pessoa de Lula, por sua inteligência visionária e por sua enorme capacidade de ter colocado o Brasil na cena global.

Mais do que admiração, uma sorte de amor reprimido, impossível de ser declarado, por serem de mundos opostos. Como nos romances do século XIX. Diante dessa impossibilidade age como velhos amantes que preferem se digladiar para manter a chama.

A segunda leitura remete à esfera do preconceito de classe. E aqui o Estadão não sai engrandecido.

Qualquer que seja a explicação, uma coisa é certa: teremos que conviver com mais quatro anos de ladainhas sobre o estilo Lula. Aqui, o Jornal atua como porta voz oficioso daqueles que não conseguem viver sem o fantasma do retorno do metalúrgico, nas eleições de 2014.

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