Por Dalva Teodorescu
Causou extrema inquietude nos profissionais de saúde pública, engajados há décadas na construção do Sistema Único de Saúde, a possível indicação do médico Sérgio Cortes para o Ministério da Saúde.
É um consenso nacional que, para consolidar e cumprir a missão do SUS de garantir o acesso universal à saúde com qualidade a toda população brasileira, são necessários, não somente vultosos investimentos financeiros, mas também a implementação rigorosa de ações que aumentem a eficiência de um modelo já consagrado.
Diante disso, parece um contrassenso delegar essa enorme responsabilidade a um profissional dedicado à criação de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) no Rio de Janeiro, de maneira desarticulada da estrutura hierarquizada e descentralizada do SUS, nos últimos anos.
Outras iniciativas tomadas pelo Secretário de Estado da Saúde do Rio de Janeiro, como a terceirização de serviços e o investimento em parceria com entidades privadas, apesar de contar com o apoio de algumas outras Secretarias Estaduais, ainda não convenceram os protagonistas do movimento sanitário.
Ao lado desses componentes estratégicos duvidosos, os ativistas da resposta brasileira á epidemia de AIDS colocam em destaque a gestão conturbada do Dr. Cortes no controle da AIDS no estado do Rio de Janeiro.
Alguns fatos são particularmente inaceitáveis e incompreensíveis, como episódios de desorganização no fornecimento dos medicamentos antirretrovirais, fornecidos pelo Ministério da Saúde.
Da mesma forma, causou verdadeiro espanto o fato que muitas ações de prevenção foram interrompidas e outras não iniciadas, na medida em que a Secretaria Estadual da Saúde do Rio de Janeiro, sob a gestão de Sérgio Cortes, não utilizou os recursos de incentivos relacionados à AIDS, transferidos pelo Ministério da Saúde nos últimos anos. Hoje esses recursos correspondem a milhões de reais retidos no cofre do estado.
Estas deficiências, já veiculadas pela imprensa, certamente estão vinculadas às altas taxas de mortalidade por AIDS, ainda observadas no Rio de Janeiro, além de certamente contribuir para a redução da qualidade de vida dos pacientes em tratamento.
Estes fatos e não podem ser ignorados ou minimizados pela presidente eleita, Dilma Rousseff, para tomar sua decisão.
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Dalva
ResponderExcluirEstive conversando com alguns amigos cariocas e eles tem a mesma preocupação. O PT de São Paulo entende que o Temporão tem permanecer.
De qualquer forma acho que a Dilma não vai escolher o Dr Cortes.
Abraços
Valter Paulino