quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Alckmin indicou um clínico para a Secretaria da Saúde de São Paulo

Por Dalva Teodorescu


Os profissionais de saúde pública receberam com cautela a indicação do governador eleito Geraldo Alckmin, de um clínico, Giovanni Guido Cerri, para assumir a Secretaria de Estado da Saúde.

É certo que Giovanni Guido Cerri não é só clínico e foi diretor do hospital da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), mas essa experiência, infelizmente, ainda não tem incluído como lidar com os aspectos essenciais da saúde pública.

A escolha de Giovanni Guido Cerri foi aplaudida em comentários na imprensa e alguns chegaram a declarar que a presidente eleita, Dilma Rousseff, deveria seguir o exemplo de São Paulo, nomeando um clínico para o Ministério da Saúde.

A presidente eleita, por sua vez, recebeu um grupo de médicos clínicos, todos renomados, para um encontro em São Paulo. Até aí tudo certo.

O que acontece é que as autoridades governamentais recebem assistência médica em consultórios e clínicas privadas de altíssimo custo e onde atuam médicos altamente especializados e com grande renome em suas respectivas áreas.

Essas autoridades não se tratam no SUS e desta forma sua experiência pessoal em Saúde é frequentemente determinada pela convivência com seus clínicos.

Como é desejável em qualquer relação médico paciente, estabelecem com seus médicos clínicos relações de cordialidade, ver mesmo afetiva, e sua escolha para cargos governamentais é influenciada também por essa relação.

Mas, frequentemente, quando assumem o cargo o universo extremamente restrito e elitista onde atuam esses profissionais é transportado para sua gestão no sistema público de saúde.

Por isso é importante escolher os Secretários e Ministros entre profissionais da área de saúde pública, com experiência em vigilância epidemiológica, planejamento, organização de serviços e avaliação.

É sempre bom lembrar que a concepção e a criação do Sistema Único de Saúde- SUS foram decorrentes do trabalho persistente e eficiente dos profissionais de saúde pública, iniciado na década de sessenta e que se consagrou na constituição de 1988.

Por mais excelência que seja o desempenho médico dos profissionais da área clínica, sua experiência está tão distante da saúde pública como a Avenida Paulista da favela de Heliópolis.

Pode haver exceção, como o exemplo do cardiologista Adib Jatene, mas de forma geral, as gestões desses profissionais foram irrelevantes e não mostrou avanços substanciais em áreas essências da saúde pública.

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