terça-feira, 9 de agosto de 2011

De novo Rede Globo? Não é melhor jogar o código de ética no lixo?

A FAB responde ao Fantástico
Do blog do Nassif


FAB - Nota Oficial - Esclarecimentos sobre reportagem do Fantástico exibida em 07/08/2011


O Comando da Aeronáutica repudia veementemente o teor da reportagem do jornalista Walmir Salaro, levada ao ar no Fantástico deste domingo, sete de agosto, e no Bom Dia Brasil desta segunda-feira, oito de agosto.
A matéria em questão parte de princípios incorretos e de denúncias infundadas para passar à população brasileira a falsa impressão de que voar no Brasil não é seguro. A reportagem contradiz os princípios editoriais da própria Rede Globo ao apresentar argumentos com falta de Correção e falta de Isenção, itens considerados pela própria emissora como sendo atributos da informação de qualidade.
O jornalista embarcou em uma aeronave de pequeno porte (aviação geral), que tem características como nível de voo, rota, classificação e regras de controle aéreo diferentes dos voos comerciais. A matéria trata os voos sob condições visuais e instrumentos como se obedecessem as mesmas regras de controle de tráfego aéreo, levando o espectador a uma percepção errada.
O piloto demonstra espanto ao avistar outras aeronaves sobre o Rio de Janeiro e São Paulo, dando um tom sensacionalista a uma situação perfeitamente normal e controlada que ocorre sobre qualquer grande cidade do mundo. Nesse sentido, causa estranheza que a reportagem tenha mostrado a proximidade dos aviões como algo perigoso para os passageiros no Brasil. As próprias imagens revelam níveis de voo diferenciados, além de rotas distintas.
Além disto, o piloto que opta por regras de voo visual, só terá seu voo autorizado se estiver em condições de observar as demais aeronaves em sua rota, de acordo com as regras de tráfego aéreo que deveriam ser de seu pleno conhecimento. Mesmo assim, o piloto receberá, ainda, avisos sobre outros voos em áreas próximas.
Foi exatamente o que ocorreu durante a reportagem, que mostra o contato constante dos controladores de tráfego aéreo com o piloto. Desde a decolagem foram passadas informações detalhadas sobre os demais tráfegos aéreos na região, sem que houvesse qualquer perigo para as aeronaves envolvidas.
A respeito da dificuldade demonstrada em conseguir contato com o serviço meteorológico, é interessante lembrar que há várias frequências disponíveis para contato com o Serviço de Informações Meteorológicas para Aeronaves em Voo (VOLMET), que está disponível 24 horas por dia em todo o país. Além destas, há frequências de ATIS (Serviço Automático de Informação em Terminal) que fornecem continuamente, por meio de mensagem gravada e constantemente atualizada, entre outros dados, as condições meteorológicas reinantes em determinada Área Terminal, bem como em seus aeroportos. Como, aliás, é o caso da Terminal de Belo Horizonte, incluindo os aeroportos da Pampulha e de Confins.
Ressalte-se que, a despeito da operação de tais serviços, todos os pilotos têm a obrigação de obter informações meteorológicas antes do voo pessoalmente nas Salas de Informações Aeronáuticas dos aeroportos, por telefone ou até pela internet.
Ao realizar o voo sem, possivelmente, ter acessado previamente informações meteorológicas, o piloto expôs a equipe de reportagem a uma situação de risco desnecessário. Tratou-se, obviamente, de mais um traço sensacionalista e sem conteúdo informativo.
A respeito do momento da reportagem em que o controle do espaço aéreo diz que não tem visualização da aeronave, cabe esclarecer que o voo realizado pela equipe do Fantástico ocorreu à baixa altitude, em regras de voos visuais, uma situação diferente dos voos comerciais regulares.
Na faixa de altitude utilizada por aeronaves como das empresas TAM e GOL, extensamente mostradas durante a reportagem, há cobertura radar sobre todo o território brasileiro. Para isso, existem hoje 170 radares de controle do espaço aéreo no país. Como dito acima, é feita uma confusão entre perfis de voos completamente diferentes. Dessa forma, o telespectador do Fantástico ficou privado de ter acesso a informações que certamente contribuem para a melhor apresentação dos fatos.
No último trecho de voo da reportagem, o órgão de controle determinou a espera para pouso no Aeroporto Santos-Dumont. O que foi retratado na matéria como algo absurdo, na realidade seguiu rigorosamente as normas em vigor para garantir a segurança e fluidez do tráfego aéreo. Os voos de linhas regulares, na maioria das vezes regidos por regras de voo por instrumentos, gozam de precedência sobre os não regulares, visando a minimizar quaisquer problemas de fluxo que possam afetar a grande massa de usuários.
A reportagem também errou ao mostrar que Traffic Collision Avoidance System (TCAS) é acionado somente em caso de acidente iminente. O fato do TCAS emitir um aviso não significa uma quase-colisão, e sim que uma aeronave invadiu a “bolha de segurança” de outra. Essa bolha é uma área que mede 8 km na horizontal (raio) e 300 metros na vertical (raio).
Cabe ressaltar ainda que a invasão da bolha de segurança não significa sequer uma rota de colisão, pois as aeronaves podem estar em rumos paralelos ou divergentes, ou ainda com separação de altitude, em ambiente tridimensional.
A situação pode ser corrigida pelo controle do espaço aéreo ou por sistemas de segurança instalados nos aviões, como o TCAS. Nem toda ocorrência, portanto, consiste em risco à operação. O TCAS, por exemplo, pode emitir avisos indesejados, pois o equipamento lê as trajetórias das aeronaves, mas não tem conhecimento das restrições impostas pelo controlador.
Todas as ocorrências, no entanto, dão início a uma investigação para apurar os seus fatores contribuintes e geram recomendações de segurança para todos os envolvidos, sejam controladores, pessoal técnico ou tripulantes. É esse o caso dos 24 relatórios citados na reportagem. A existência desses documentos não significa a ocorrência de 24 incidentes de tráfego aéreo, e sim uma consequência direta da cultura operacional de registrar todas as situações diferentes da normalidade com foco na busca da segurança.
A investigação tem como objetivo manter um elevado nível de atenção e melhorar os procedimentos de tráfego aéreo no Brasil, pois é política do Comando da Aeronáutica buscar ao máximo a segurança de todos os passageiros e tripulantes que voam sobre o país. Incidentes e acidentes não são aceitáveis em nenhum número, em qualquer escala.
Sobre a questão dos controladores de tráfego aéreo, ao contrário da informação veiculada, o Brasil tem atualmente mais de 4.100 controladores em atividade, entre civis e militares. No total, são mais de 6.900 profissionais envolvidos diretamente no tráfego aéreo, entre controladores e especialistas em comunicação, operação de estações, meteorologia e informações aeronáuticas.
Para garantir a segurança do controle do espaço aéreo no futuro, o Comando da Aeronáutica investe na formação de controladores de tráfego aéreo. A Escola de Especialistas de Aeronáutica forma anualmente 300 profissionais da área. Todos seguem depois para o Centro de Simulação do Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), inaugurado em 2007 em São José dos Campos (SP). Com sistemas de última geração e tecnologia 100% nacional, o ICEA ampliou de 160 para 512 controladores-alunos por ano, triplicando a capacidade de formação e reciclagem.
Vale salientar que a ascensão operacional dos profissionais de controle de tráfego aéreo ocorre por meio de um conselho do qual fazem parte, dentre outros, os supervisores mais experientes de cada órgão de controle de tráfego aéreo. Desse modo, nenhum controlador de tráfego aéreo exerce atividades para as quais não estejam plenamente capacitados.
A qualidade desses profissionais se comprova por meio de relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA). De acordo com o Panorama Estatístico da Aviação Civil Brasileira, dos 26 tipos de fatores contribuintes para ocorrência de acidentes no país entre 2000 e 2009, o controle de tráfego aéreo ocupa a 24° posição, com 0,9%. O documento está disponível no link:
http://www.cenipa.aer.mil.br/cenipa/Anexos/article/19/PANORAMA_2000_2009...

A capacitação dos recursos humanos faz parte dos investimentos feitos pelo DECEA ao longo da década. Entre 2000 e 2010, foram R$ 3,3 bilhões, sendo R$ 1,5 bilhão somente a partir de 2008. O montante também envolve compra de equipamentos e a adoção do Sistema Avançado de Gerenciamento de Informações de Tráfego Aéreo e Relatórios de Interesse Operacional (SAGITÁRIO), um novo software nacional que representou um salto tecnológico na interface dos controladores de tráfego aéreo com as estações de trabalho. O sistema tem novas funcionalidades que permitem uma melhor consciência situacional por parte dos controladores. Sua interface é mais intuitiva, facilitando o trabalho de seus usuários.

Os resultados desses investimentos foram demonstrados pela auditoria realizada em 2009 pela International Civil Aviation Organization (ICAO), organização máxima da aviação civil, ligada às Nações Unidas, com 190 países signatários. A ICAO classificou o Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro entre os cinco melhores no mundo. De acordo com a ICAO, o Brasil atingiu 95% de conformidade em procedimentos operacionais e de segurança.

Sem citar quaisquer dessas informações, para realizar sua reportagem, a equipe do Fantástico exibe depoimentos sem ao menos pesquisar qual a motivação dessas fontes. O Sr. Edileuzo Cavalcante, por exemplo, apresentado como um importante dirigente de uma associação de controladores, é acusado por atentado contra a segurança do transporte aéreo, motim e incitação à indisciplina, e responde por essas acusações na Justiça Militar.

O Sr. Edileuzo Cavalcante foi afastado da função de controlador de tráfego aéreo em 2007 e recentemente excluído das fileiras da Força Aérea Brasileira. Em 2010, também teve uma candidatura impugnada pela Justiça Eleitoral.

Quanto à informação sobre as tentativas de chamada por parte do controlador de tráfego aéreo, Sargento Lucivando Tibúrcio de Alencar, no caso do acidente ocorrido com a aeronave da Gol (PR-GTD) e a aeronave da empresa Excel Aire (N600XL) em 29 de setembro de 2006, cabe reforçar que elas não obtiveram sucesso devido à aeronave da Excel Aire não ter sido instruída oportunamente a trocar de frequência e não a qualquer deficiência no equipamento, conforme verificado em voo de inspeção. Durante as tentativas de contato, a última frequência que havia sido atribuída à aeronave estava fora de alcance, impossibilitando o estabelecimento das comunicações bilaterais.

Já quando foi consultar o Departamento de Controle do Espaço Aéreo, a equipe de reportagem omitiu o fato que trataria de problemas de tráfego aéreo. Foi informado que se tratava unicamente sobre a evolução do tráfego aéreo de 2006 a 2011.

Por fim, o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica ressalta que voar no país é seguro, que as ferramentas de prevenção do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro estão em perfeito funcionamento e que todas as ações implementadas seguem em concordância com o volume de tráfego aéreo e com as normas internacionais de segurança. No entanto, este Centro reitera que a questão da segurança do tráfego aéreo no país exige um tratamento responsável, sem emoção e desvinculado de interesses particulares, pessoais ou políticos.

Brasília, 9 de agosto de 2011.
Brigadeiro-do-Ar Marcelo Kanitz Damasceno
Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica

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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Não espere que o governo lute em seu lugar

Do Blog da Cidadania
Por Eduardo Guimarães

Políticos não gostam de brigar com a mídia. Inclusive os bons políticos – e eles existem. Isso ocorre porque, às vezes, uma eleição fica dependendo de um pequeno percentual de votos e, como a mídia atinge a muitos, uma simples reportagem pode acabar com uma carreira política ou resultar na perda de uma eleição.


Por outro lado, apesar de o poder de difusão da blogosfera ter aumentado bastante nos últimos anos, ainda não é capaz de enfrentar meios de comunicação de massa que facilmente atingem milhões em questões de horas enquanto que a mesma blogosfera não passa da casa dos milhares em períodos bem maiores, de dias ou semanas.

Há hoje, assim, um assunto que a mídia tenta ignorar: a acusação de seletividade ética em sua “fiscalização” do Estado, ou seja, a conduta de só “fiscalizar” políticos do PT ou aliados ao partido apesar de que acusações idênticas poderiam ser feitas a tucanos e aos seus aliados e não são feitas.

A seletividade ética da mídia é altamente danosa à democracia porque não pretende promover ética de verdade, mas os interesses de determinados grupos políticos. Para isso, Globo, Folha de São Paulo, Estadão e Veja publicam diariamente, há anos, denúncias contra um lado só, poupando o outro.

Já cansei de dizer aqui que o problema não é fiscalizar o PT e seus aliados, mas fiscalizar só a estes. E de dizer que as poucas matérias incômodas aos adversários do grupo político que governa o país não passam de cortina de fumaça, porque são pouquíssimas e sem destaque sequer parecido com o que é dado ao outro lado.

Apesar disso, a mídia tem militância. Inclusive na blogosfera. Por isso a chamam de Partido da Imprensa Golpista (PIG), porque, além de agir politicamente em benefício de alguns políticos e em prejuízo de outros, age como partido, organizando uma militância disposta a se equiparar à militância partidária assumida.

Basta abrir qualquer blog político que tenha bom volume de comentários para ver a militância midiática defendendo abertamente esses grandes veículos supracitados de uma acusação indefensável sob qualquer análise minimamente séria e aprofundada, de que omitem notícias desfavoráveis ao PSDB e aliados e destacam as desfavoráveis aos seus adversários.

Em 2007, foi fundado o Movimento dos Sem Mídia para lutar contra isso. Uma ONG sem recursos e que proibiu a si mesma de receber dinheiro público. Mas isso não a impediu de promover o primeiro ato público de relevo contra um meio de comunicação após o fim da ditadura militar. Foi diante da Folha de São Paulo, em 15 de setembro daquele ano.

Duas centenas de pessoas ouviram-me dizer ao megafone (comprado sob contribuições dos leitores deste blog) diante da sede da Folha, na Alamenda Barão de Limeira, em São Paulo, tudo aquilo que, agora, parece que há que ser dito de novo de uma forma que não se possa ignorar.

É difícil, hoje em dia, mobilizar grandes multidões para uma manifestação que não seja em prol de interesses restritos de grupos – interesses legítimos, diga-se – tais como a legalização da maconha, alguma campanha salarial, os direitos dos homossexuais etc. A exceção foi um ato público recente, o “Churrascão da Gente Diferenciada”, em maio, no bairro paulistano de Higienópolis, que atraiu uma pequena legião de manifestantes.

Não se pode ignorar, porém, que aquele foi um fenômeno, um raio que dificilmente cairá no mesmo lugar outra vez. Até porque, a conduta absurda de um grupo de moradores daquele bairro de quererem proibir ali a circulação de outras pessoas ganhou destaque na mídia e a própria seletividade ética dessa mesma mídia certamente não ganhará destaque algum.

Se não se fizer nada, então, continuaremos a ser esbofeteados por uma ética absolutamente falsa, seletiva, cínica de, por exemplo, acusarem a família de Lula de se beneficiar de sua influência para fazer negócios enquanto que as famílias de políticos influentes do PSDB como Fernando Henrique Cardoso ou José Serra fazem negócios esquisitos e a mídia ignora.

No fim de semana, a Folha acusou uma neta de Lula de se beneficiar da influência do avô e, nesta quarta-feira, O Globo acusa um filho do ex-presidente da mesma coisa. Ou melhor, não são acusações, são insinuações, porque, como não há um fato determinado a acusar, levanta-se suspeita sem dizer exatamente sobre o quê.

No último sábado, este blog noticiou que o filho legítimo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Paulo Henrique Cardoso, o PHC, acaba de se associar ao maior grupo de mídia do planeta, a Walt Disney Company, em um empreendimento inusitado, uma grande rádio em São Paulo que pretende atingir cobertura nacional.

A mídia, porém, apesar de FHC ser o maior líder da oposição demo-tucana e de um partido que controla o segundo maior orçamento da República, o do Estado de São Paulo, não noticiou nada, não investigou nada, não insinuou nada. Ignorou solenemente. Ou melhor: escondeu, porque isso é notícia, sim. E “quente”.

Por que, com tantos empreendedores tradicionais de mídia neste país, o maior grupo de mídia do mundo foi procurar justamente o filho de um político que durante o governo do pai se beneficiou de dinheiro público sem que a mídia, então, fizesse barulho sequer parecido com o que faz hoje quando Lula ou sua família ganham dinheiro privado?

Esse é só um exemplo da seletividade ética da mídia. Num momento em que o DNIT, órgão de um governo petista, não sai da mídia um só dia, a Dersa, órgão do governo tucano de São Paulo, tem o mesmo tipo de problema que seu congênere federal e a mídia não cobre, não denuncia, não pressiona, não fiscaliza. Por quê?

Peço aos militantes mais fervorosos do PT e aos apoiadores mais convictos do governo Dilma que não se zanguem com o que direi, pois a janela não tem culpa pela paisagem que mostra: este governo não promoverá democratização da comunicação através da propositura de uma lei como a que a Argentina tem hoje, a “ley de médios”.

Sobretudo: não será enviado ao Congresso, pelo governo, qualquer projeto de lei que vete propriedade cruzada de meios de comunicação – uma lei igual às que existem em países “marxistas” como Estados Unidos, Inglaterra, França, Bélgica, Suíça, enfim, nas sociedades mais avançadas e democráticas do planeta.

É definitivo, meus caros. Tenho informações, de fontes seguras, de que o governo Dilma não tem a menor intenção de mexer com aquilo que impede a democratização da comunicação, a concentração de propriedade de meios. Não se tentará proibir que um mesmo grupo tenha tevê, rádio, jornal, revista, portal de internet, tudo ao mesmo tempo e no mesmo lugar.

Não tenho culpa disso, não fui eu que tomei essa decisão e ela já é discutida abertamente no governo e entre a classe política. Não estou inventando nada. Aliás, a mera conduta conciliadora do governo federal deixa claro que não será feito nada contra os barões da mídia que lhes contrarie o interesse de hegemonia nas comunicações.

Muitos não acreditarão em mim e quererão pagar para ver. Entendo, aceito e respeito esse direito democrático de divergir daquilo que é, somente, o ponto de vista deste blogueiro, apesar de que, entre os mais informados e que têm interlocução com o governo, todos sabem que o que digo é fato.

Todavia, faço uma proposta àqueles que não estão entre os que pretendem ficar sentados esperando que o governo faça aquilo que compete à sociedade fazer, ou seja, pressionar para que tenhamos uma regulação dos meios de comunicação nem maior nem menor do que a que vige em TODOS os países verdadeiramente democráticos.

Neste mês de agosto, tenho compromissos com a minha atividade remunerada – que nada tem que ver com as questões de que este blog trata, pois sou representante comercial. Contudo, em setembro terei condições de doar uma parcela maior do meu tempo à causa da democratização (de verdade) da comunicação de massas no Brasil.

Sei que é difícil mobilizar as pessoas para saírem da militância virtual e irem para a militância real, nas ruas, aquela que, aqui ou em qualquer parte, é a que produz efeitos verdadeiros e profundos, ainda. Pode ser que um dia alguém consiga mudar alguma coisa só através da internet. Hoje, contudo, só ações concretas têm esse poder.

Não vou esperar que o governo faça o que é de interesse da sociedade sem ser pressionado. O escândalo na imprensa britânica, que já se espalha por outros países, mostra como é danoso para a sociedade uma imprensa que mente sobre seus métodos e objetivos e que se converte em partido político representante de grupos de interesse.

Pegarei o megafone que os leitores deste blog ajudaram a comprar em 2007, portanto, e irei para diante da mesma Folha. Irei várias vezes em um período de semanas. Na primeira vez, poderei ir sozinho ou com um grupo pequeno. Contudo, voltarei outra e outra vez. Gritarei, lá na frente, que quero que a mídia fiscalize todos os políticos e não só os do PT e aliados.

Em alguns dias, quem sabe mais gente decida ir protestar junto comigo. E, quem sabe, em outras partes do país surjam outros Eduardos que façam a mesma coisa diante de outros tentáculos do PIG até que a nossa voz se torne ensurdecedora e a mídia tenha que acusar o golpe e se explicar. E o governo tenha que agir.